Relator da Lava Jato pode ser alvo de processo disciplinar
CNJ aponta que juiz Marcelo Malucelli deixou de declarar suspeição
O corregedor nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão, votou pela abertura de um processo administrativo contra o ex-relator da Lava Jato, o juiz Marcelo Malucelli. Ele soma três reclamações disciplinares por desobediência ao Supremo Tribunal Federal, além de um pedido de providências pelo vínculo familiar com o senador pelo Paraná, Sergio Moro. Segundo o relatório apresentado pelo CNJ, o juiz teria “vínculos íntimos” com a família de Moro. Isso porque o filho de Malucelli, o advogado João Eduardo Barreto Malucelli, seria namorado da filha do senador, além de sócio de um escritório de advocacia que pertence ao ex-juiz da Lava Jato.
Na análise de Luis Felipe Salomão, com o vínculo pessoal, Malucelli deveria ter declarado suspeição. Em uma das ações, Malucelli restabeleceu uma decisão da 13ª Vara Federal do Paraná, que impactava o advogado Rodrigo Tacla Duran, acusado de ser o operador financeiro da Odebrecht.
Segundo o relatório, a ação seria uma desobediência ao Supremo Tribunal Federal, onde o ministro Ricardo Lewandowski havia determinado que os casos envolvendo Tacla Duran seriam decididos no Supremo. Tacla Duran acusou o ex-juiz Sergio Moro e o ex-Procurador da República Deltan Dallagnol de extorsão. Na sequência, Malucelli revogou uma decisão do juiz Eduardo Appio que beneficiaria Tacla Duran e que poderia prejudicar Moro.
O pedido é julgado no Plenário Virtual do CNJ. Até a noite desta segunda-feira (24), apenas o voto do relator, que é o corregedor nacional de Justiça, foi cadastrado no sistema. Outros 12 conselheiros têm até a próxima sexta-feira (28) para votar.
Informação: Larissa Biscaia