Depois de dois dias de julgamento, nesta quinta-feira (10), o acusado pelo massacre na creche de Saudades, no Oeste de Santa Catarina, em maio de 2021, foi condenado a 329 anos e quatro meses de prisão, em regime fechado. A sentença foi lida depois das oito da noite (quinta-feira), no Fórum de Pinhalzinho, cidade vizinha ao local da tragédia.

A chacina terminou com o assassinato de três bebês e duas professoras. Naquela manhã, ele usou um livro para disfarçar a verdadeira intenção e conseguir entrar na creche. O criminoso estava armado com uma adaga, que é uma espécie de espada. O Conselho de Sentença foi formado por seis mulheres e um homem.

Nesta quinta-feira (10), o Júri acolheu todas as teses da denúncia. O réu foi condenado por cinco homicídios triplamente qualificados (pelo motivo torpe, meio cruel e emprego de recurso que dificultou a defesa das vítimas). A pena também envolve outras 14 tentativas de homicídio. Nesses casos, aparecem professoras que seguraram a porta, no momento da chacina, para impedir a entrada do criminoso em alguns cômodos da creche.

Após o Júri, nesta quinta-feira (10), o réu retornou ao Presídio Regional de Chapecó, também no Oeste de Santa Catarina. Além da pena a mais de 300 anos de prisão, a sentença estabelece o pagamento de indenização aos parentes das vítimas. Foram fixados 500 mil reais para cada família de vítima falecida, 400 mil reais para a família do bebê que foi socorrido a tempo de sobreviver e 40 mil reais para cada uma das 14 vítimas de tentativa de homicídio. Cabe recurso da decisão.

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Além das qualificadoras, o Conselho de Sentença também reconheceu o aumento de pena pelas vítimas menores de 14 anos de idade. Os pais do acusado, que acompanharam todo o julgamento, apresentaram picos de pressão alta e, durante a tarde (quinta-feira), foram levados ao hospital. Durante o Júri, foram ouvidas três vítimas, três testemunhas de acusação e três testemunhas de defesa.

Ao longo desta quinta-feira (10), a Promotoria apresentou, por exemplo, um relatório gerado a partir do que foi encontrado no computador do réu. As buscas eram sobre fabricação de bombas, acusados de ataques em escolas, compra de arma de fogo e assuntos que demonstravam ódio por crianças e mulheres. Ainda conforme a Promotoria, a dificuldade em adquirir uma pistola ou um revólver fez o acusado mudar a arma do crime, dois meses antes do ataque.

Durante o julgamento, a defesa manteve a tese de que o réu foi manipulado por amigos, na internet, e sofre de doenças psiquiátricas. O Ministério Público rebateu que o responsável pela chacina possuía plena capacidade mental e teria planejado os crimes de forma minuciosa ao longo de dez meses.

Os dois dias de Júri tiveram forte esquema de segurança. As ruas no entorno do Fórum de Pinhalzinho permaneceram fechadas. Além de dezenas de policiais militares e penais e de bombeiros, a estrutura contava com uma psicóloga e uma enfermeira.

Pinhalzinho tem cerca de 21 mil e 900 moradores. Saudades, onde aconteceu a chacina, soma 10 mil e 200 habitantes.

Foto: MPSC