‘Amarga Ferrugem’ uma denúncia às condições do sistema carcerário brasileiro
Narrativas que interseccionam os presídios questionam a eficácia do encarceramento em massa
Quais as prioridades do Estado? No cenário de Copa do Mundo em que “Amarga Ferrugem” se passa, os presídios do país com certeza não são um ponto visível aos olhos do governo. E, analisando todo o contexto dos últimos anos, não é um problema visível em momento algum.
Em 40 minutos a obra problematiza as condições em que se encontram os presídios femininos e masculinos no Brasil. Superlotação, falta de higiene, violência e desavenças entre os próprios encarcerados são problemas presentes no cotidiano desses locais, que podem levar à morte dos que convivem no ambiente.
Na história, são abordadas cenas fortes como racismo, estupro, parto de crianças sem apoio algum – ao contrário, são até retiradas das mães. A justiça falha também é criticada ao deixar de cobrar fiança ou playboys, como citam na peça, para os que que passam uma noite nas celas e são liberados, com o conceito de “dois pesos e duas medidas”.
Durante a peça, dados são citados pelo narrador e outros personagens levantam placas mostrando estatísticas. A peça busca mostrar que os presos, apesar de fazerem parte dos números, são mais do que isso. Acima de tudo, são humanos e merecem tratamento digno. O que parece óbvio para muitos, mas não acontece na prática.
Inspirada em obras como “Barrela”, de Plínio Marcos; “Parto Pavilhão”, de Jhonny Salaberg; e “Prisões: Espelhos de nós”, de Juliana Borges, a peça traz a reflexão de como contribuímos com o sistema carcerário, por não ver ou não saber das condições que se passam lá.
Informação: Ana Bavutti, estudante de jornalismo da Universidade Positivo, em parceria com a BandNews FM Curitiba