Apesar de toque de recolher, incidência da Covid-19 aumenta 72% no Paraná
O Paraná está há quase 50 dias com restrições mais rígidas para circulação de pessoas e realização de reuniões. Entre as medidas está o toque de recolher válido entre 23h e 5h.
Apenas serviços essenciais, como saúde e segurança pública, estão liberados da restrição. A medida entrou em vigor em 2 de dezembro, por meio de decreto, foi renovada por duas vezes pelo governo estadual e segue válida até 31 de janeiro.
O principal objetivo da restrição, segundo o governo, é conter o aumento das transmissões do coronavírus. Porém, dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) apontam que desde o início das restrições, a incidência da doença a cada 100 mil habitantes aumentou 72% no Paraná, quando comparado o período anterior ao toque de recolher e o cenário atual.
Para a infectologista Viviane Henssel (RÉCEL), apesar do toque de recolher não conseguir frear a transmissibilidade do vírus, ele contribuiu para que o sistema de saúde não fosse prejudicado ainda mais.
Conforme o governo, o toque de recolher durante a madrugada, na prática, tem como alvo inibir a realização de festas clandestinas, que provocam aglomerações, e acidentes de trânsito ou crimes como tentativas de homicídios que podem provocar hospitalizações, sobrecarregando assim o sistema de saúde. Entretanto, a taxa de ocupação dos leitos de UTI/SUS gerais, aqueles que não recebem pacientes com a Covid-19, se mantém em média a 64% tanto antes do toque de recolher quanto agora em janeiro.
Embora os dados apontem que o toque de recolher não tenha mudado o cenário da pandemia, um balanço divulgado pela Polícia Militar mostrou que durante o período das restrições houve redução de crimes e acidentes desde o início da vigência das normas.
No trânsito urbano, o número de acidentes caiu quase 32%. Também houve redução de crimes como os roubos (-15,9%), os furtos (-6,4%) e violência doméstica (-2,5%).
Reportagem Leonardo Gomes