Brasil registra explosão de desastres climáticos e acende alerta nacional
Estudo revela aumento extremo de eventos e pede adaptação urgente das cidades
Foto: AEN
A situação climática no Brasil preocupa cada vez mais. Um estudo apresentado na COP30, em Belém, mostra que o país registrou 19 vezes mais desastres por ciclones e frentes frias nas últimas décadas. Entre 1991 e 2024, foram 407 ocorrências — número que demonstra um cenário de forte agravamento. Só neste mês, tornados no Paraná deixaram sete mortos e mais de 700 feridos. E o aumento recente é ainda mais alarmante: entre 2021 e 2024, os eventos extremos cresceram 1.800%em comparação com a década de 1990. Foram 44 registros, contra uma média de apenas 2,3 há 30 anos. O levantamento foi feito pela Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica, em parceria com a Unifesp e a Fundação Grupo Boticário.
Veja mais: Bairros de Curitiba ficam sem água nesta terça-feira; saiba quais
Segundo o pesquisador Ronaldo Cristofoletti, o aquecimento global é o motor principal desse avanço. Ele explica que, com o planeta mais quente, cresce o estresse térmico e as massas de ar frio vindas da Antártida ficam mais intensas e frequentes — o que desencadeia tempestades, ciclones e ondas de frio mais severas. Isso tem refletido também em prejuízos econômicos para as cidades, que tem sofrido com os desastres climáticos.
O estudo aponta impactos em 232 municípios, atingindo 1,2 milhão de pessoas. Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são os estados mais afetados. Mais de 27 mil moradores ficaram desalojados ou desabrigados. Para Cristofoletti, a infraestrutura brasileira não foi planejada para enfrentar fenômenos tão fortes.
Ele reforça que as cidades precisam se adaptar, repensando ruas, prédios, pontes, estradas e casas. Também destaca a importância de soluções baseadas na natureza, como preservação de manguezais, restingas e vegetação nativa, que funcionam como proteção natural contra eventos climáticos extremos.
Na COP30, temas como redução de emissões de gases de efeito estufa e financiamento climático também estiveram em foco. O estudo aponta ainda prejuízo de R$2,74 bilhões provocado pelos eventos extremos. Serviços de energia, transporte e distribuição foram os mais afetados. No setor privado, as maiores perdas foram registradas na agricultura.
Reportagem: Juliano Couto






