Caso Evandro: Justiça mantém condenação de Beatriz Abagge
O recurso pedia anulação das condenações ou o reconhecimento da inocência
Apontada como a responsável pelo desaparecimento e pela morte do menino Evandro Ramos Caetano, Beatriz Abagge, segue condenada. Esta foi a decisão dos desembargadores da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná, por três votos a dois, na tarde de quinta-feira (16). Após o podcast Projeto Humanos, a defesa dela apresentou um recurso que pede a anulação das condenações ou o reconhecimento da inocência, além de uma indenização por danos morais e materiais. Os desembargadores alegaram que a prova precisa passar por uma perícia judicial. A defesa dela ainda pode recorrer.
O caso aconteceu em Guaratuba, no litoral do Paraná, em 1992. Evandro tinha sete anos de idade quando desapareceu no caminho entre a casa dele e a escola. Poucos dias depois, um corpo infantil mutilado, sem as mãos e sem os pés, foi encontrado em um matagal. A polícia afirmava que a criança havia sido morta em um ritual religioso com Beatriz e Celina Abagge e três pais de santo, Osvaldo Marcineiro, Davi dos Santos Soares e Vicente de Paula. Em um primeiro momento, os cinco confessaram o crime.
Áudios do podcast Projeto Humanos, do jornalista Ivan Mizanzuck, revelaram que os cinco acusados foram torturados. Eles receberam instruções para confessar os crimes.
O caso Evandro passou por cinco julgamentos. Celina Abagge, mãe de Beatriz e esposa do então prefeito de Guaratuba, Aldo Abagge, ficou presa por três anos e sete meses em regime fechado. Depois, ela passou por mais dois anos em prisão domiciliar. Beatriz ficou presa por cinco anos e nove meses. Em 1998, mãe e filha foram inocentadas porque não havia comprovação de que o corpo encontrado era de Evandro. O Ministério Público do Paraná recorreu, o júri foi anulado e um novo julgamento foi realizado anos mais tarde, em 2011. Desta vez, Beatriz foi condenada a 21 anos de prisão. Celina tinha mais de 70 anos. Por isso, o crime foi prescrito e ela não foi julgada. Os pais de santo, Osvaldo Marcineiro, Davi dos Santos Soares e Vicente de Paula, também foram condenados.
Horas antes do julgamento desta quinta-feira (16), Beatriz Abagge afirmou que as expectativas eram baixas para a revisão. Em 2022, o Governo do Paraná formalizou um pedido de desculpas a Beatriz. A carta foi assinada pelo então secretário de Justiça, Trabalho e Família, Ney Leprevost. No documento, ele afirma que tem convicção pessoal de que Beatriz e os outros condenados foram vítimas de tortura.
Na sessão desta quinta-feira (16), o relator, o desembargador Mauro Bley Pereira Junior, afirmou que de que a série documental baseada no caso não seria aceita como prova porque precisaria passar primeiro por uma comprovação judicial.
Informações: Larissa Biscaia