Em apenas duas semanas, o Paraná registrou quase 115 mil casos novos de coronavírus e 2.285 óbitos por complicações da covid-19. Um ano após o Estado confirmar os primeiros diagnósticos, a pandemia está em seu período mais mortal. Nos últimos 15, o Paraná teve um acréscimo de 19% no número de mortes por covid-19. Neste período, o número de casos novos avançou pouco mais de 17%.

A previsão das autoridades sanitárias não é positiva. Com o colapso do sistema público e privado de saúde, a tendência é de que a mortalidade da covid-19 acelere, uma vez que nem todos os pacientes recebem o tratamento adequado. Em Curitiba, por exemplo, a fila de espera por UTIs já passa de duzentas pessoas. E nas enfermarias a ocupação é superior a 100% – ou seja, pacientes estão sendo atendidos em espaços inadequados, como recepções e corredores de unidades hospitalares.

No Paraná, apesar do cenário crítico, o índice de isolamento social é menor do que a média nacional. Apenas 33% da população consegue ficar em casa. O indicador é fundamental, considerando que o distanciamento social, neste momento, é a forma mais eficiente de evitar o contágio pelo coronavírus. No horizonte, não há uma previsão de quando a campanha de vacinação contra a covid-19 poderá surtir algum efeito.

O mapa de isolamento social atualizado diariamente pela empresa InLoco, com base no sistema de georreferenciamento de dispositivos móveis, como os celulares, mostra uma queda acentuada no cumprimento das medidas de restrição a partir da segunda quinzena de fevereiro. Considerando esse indicador, o distanciamento social é o menor desde março de 2020.

Diante deste cenário de crise, sobretudo na capital, a prefeitura de Curitiba deve atualizar o decreto nesta sexta-feira. Nesta semana, o governo do Paraná prorrogou o decreto em vigor até 1º de abril. As orientações são brandas. Embora reconheça o período de elevação dos índices relacionados à doença, como número de casos, óbitos, internações e taxa de transmissão, o governo estadual ainda permite o funcionamento do comércio e dos serviços não essenciais, transferindo para as prefeituras a responsabilidade por determinar as medidas adequadas.

Reportagem: Angelo Sfair