A ex-secretária municipal da Saúde de Umuarama, no noroeste do Paraná, ficou em silêncio ao ser questionada na CPI se aplicou a vacina contra a covid-19 no prefeito Celso Pozzobom, do PSC. A Comissão Processante de Inquérito instalada na Câmara de Vereadores apura se o chefe do Executivo furou a fila da campanha de imunização. Os parlamentares também investigam um suposto desvio de 19 milhões de reais do Fundo Municipal da Saúde. Convocada pela CPI, a ex-secretária Cecília Cividini, por orientação dos advogados, não respondeu a questões que já são investigadas pelo Ministério Público.

Os vereadores convocam testemunhas para avançar nas investigações sobre as supostas irregularidades cometidas pelo prefeito e outros membros do Executivo na condução das ações relacionadas à pandemia. A defesa de Pozzobom alega que ele não recebeu o imunizante. Um exame com resultado inconclusivo foi entregue à CPI, que vai investigar a validade do documento. Aos 67 anos, o prefeito já deveria estar imunizado com as duas doses da vacina.

Segundo o Ministério Público do Paraná, interceptações telefônicas gravadas com autorização da Justiça sugerem que Celso Pozzobom foi imunizado no início da campanha, em janeiro de 2021, quando a vacina estava disponível apenas para profissionais da saúde que atuam na linha de frente do combate à pandemia. A então secretária da saúde Cecília Cividini pediu a uma servidora para mandar a caixa embrulhada em um saco preto. Para os promotores, se tratava provavelmente de uma estratégia para esconder os imunizantes.

A Operação Metástase foi desencadeada em 5 de maio. A investigação do Ministério Público prendeu sete pessoas e cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao prefeito, como a casa e o gabinete. A promotoria apura indícios de fraudes em licitações, com superfaturamento de contratos, emissões de notas fiscais frias e depósitos em contas suspeitas.

Da investigação decorre um pedido de impeachment que originou a formação da Comissão Processante de Inquérito. Ao final dos trabalhos, os parlamentares decidirão se o processo continuará em andamento, podendo levar ao afastamento de Pozzobom, ou será arquivado.

Reportagem: Angelo Sfair