Covid-19: MP apura denúncias de frascos com menos doses; Sesa acompanha e busca diálogo
O Ministério Público do Paraná abriu um procedimento para apurar a suspeita de que alguns lotes de vacinas contra a covid-19 foram entregues entre março e abril com menos doses do que o informado pelos fabricantes.
Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o problema foi relatado em todo o Brasil. A maioria das denúncias são referentes à CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan, em São Paulo, em parceria com a chinesa Sinovac Biontech. Também há denúncias deste tipo sobre a vacina de Oxford/AstraZeneca, envasada no Brasil pela Fiocruz, no Rio de Janeiro. Os institutos de pesquisa negam irregularidades. De acordo com o Butantan, o manuseio inadequado dos frascos e a extração incorreta dos imunizantes podem ser as prováveis causas do rendimento inferior ao indicado na bula.
No Paraná, de acordo com o Ministério Público, a Promotoria de Justiça de Proteção à Saúde Pública da capital abriu uma Notícia de Fato para apurar os problemas relatados exclusivamente em Curitiba. Outras seis cidades também relataram problemas e podem abrir investigações: Londrina, Ponta Grossa, Cascavel, Foz do Iguaçu, Cianorte e Umuarama.
A secretaria municipal da Saúde de Curitiba confirmou, nesta semana, que lotes de vacinas com menos doses do que informado pelos fabricantes poderiam comprometer o cumprimento do calendário e do Plano Municipal de Vacinação contra a Covid-19.
A Anvisa detalhou que os relatos, em geral, são de que os frascos enviados entre março e abril não rendem as 10 doses prometidas. Cada frasco deveria ser o suficiente para 10 doses com meio mililitro cada. Parte das perdas pode ser atribuída à escassez de seringas de “alta performance” no mercado. Além disso, o governo federal autorizou o envase em ampolas de 5,7 mililitro, em vez de 6,2 mililitro, o que reduziu a reserva de segurança de cada frasco, exigindo que os aplicadores sejam mais precisos e usem seringas melhores para reduzir as perdas.
O secretário estadual da Saúde do Paraná, Beto Preto, lembra que as perdas vacinais sempre ocorreram e por isso existe uma reserva técnica em todos os lotes repassados pelo Ministério da Saúde. Mesmo assim, diz que vai manter o diálogo com as prefeituras para buscar uma solução conjunta:
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária reconhece o aumento das denúncias e informou que deu prioridade às investigações. O Ministério da Saúde reforçou a orientação de que é preciso informar no formulário técnico sempre que não for possível aspirar o total de doses declaradas nos rótulos das vacinas.
Reportagem: Angelo Sfair