Curitiba concedeu, pela primeira vez na história, o título de cidadã honorária para uma mulher travesti e negra. Professora e doutora em educação, Megg Rayara Gomes recebeu o título nesta semana, entregue pelo prefeito e pela Câmara de Vereadores. A proposta partiu da vereadora Professora Josete (PT) e recebeu 29 a favor e duas abstenções.

Mesmo honrada pelo título, Megg destaca que ser professora e doutora não a salva de sofrer racismo e transfobia. Ela aponta que Curitiba não lembra das pessoas negras que participaram da história da capital.

Megg nasceu na zona rural de Cianorte, no noroeste do estado. Tentou uma vaga no mestrado em educação quatro vezes, até conseguir. Em 2017, Megg Rayara se tornou a primeira travesti negra doutora em Educação do Brasil.

Quando começou a lecionar na Universidade Federal do Paraná, em 2019, Megg sofreu diversos ataques em redes sociais. Perfis escreviam que era uma vergonha a instituição ter ela no corpo docente.

O Brasil é um dos países que mais mata pessoas trans. No país, a expectativa de uma pessoa trans é de 35 anos, segundo a Organização Mundial da Saúde. Com o cenário, Megg acredita que a educação pode ser o caminho.

Megg é professora adjunta da UFPR, coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da universidade e pesquisa relações raciais, arte africana, arte afro-brasileira, gênero e diversidade sexual.

Reportagem: Larissa Biscaia