Após cinco anos, Curitiba deixa de ter cobradores nos ônibus de linha. Os últimos que ainda contavam com esses profissionais eram os interbairros 4, 5 e 6, que passam a ter pagamento exclusivo por cartão a partir deste sábado (13). A maior parte dos cerca de 6 mil profissionais que ocupavam esses postos de trabalho foi realocada ou requalificada para assumir outras funções dentro do sistema de transporte.

O presidente do Sindimoc (Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana) reconhece que, com o avanço da tecnologia, a mudança era quase inevitável. Anderson Teixeira explica que a categoria negocia, desde 2018, a forma menos prejudicial de fazer a transição.

Segundo a entidade, para evitar demissões em massa, outras estratégias foram alinhadas com as empresas e com a Urbs. Definiu-se, por exemplo, que não seriam preenchidas as vagas ocupadas por trabalhadores que mudasse de função, pedissem demissão ou se aposentassem. Restam cerca de 200 trabalhadores com a situação indefinida, e o sindicato espera resolver essa questão nos próximos dias.

Em uma avaliação geral, o presidente do Sindimoc considera que a transição foi positiva. A maior parte dos postos de trabalho foi mantida e houve tempo hábil para requalificar outra parte dos funcionários que trabalhavam como cobradores. Anderson Teixeira lembra que essa preocupação precisa ser contínua, considerando que a tecnologia continua avançando e a tendência é que outras funções também deixem de existir nos próximos anos.

Procurada, a Urbs não quis se manifestar sobre o tema, considerando que os cobradores não são contratados por ela. O Setransp, sindicato que representa as empresas do transporte em Curitiba, não retornou o pedido de entrevista até a veiculação da reportagem.

Segundo a Urbs, o processo de retirada dos cobradores das linhas de ônibus convencionais foi ampliado em 2020 e se intensificou no ano passado. Com a mudança nos Interbairros 4, 5 e 6, todas as 242 linhas de ônibus de Curitiba agora só aceitam o pagamento com cartão transporte ou cartões de débito ou crédito por aproximação. Nas estações-tubo e terminais ainda é possível pagar com dinheiro.

A gestora do transporte público argumenta que a mudança trouxe mais segurança e velocidade para o modal. O pagamento por cartão é mais rápido e ajuda a diminuir as filas nos embarques. Além disso, com menos dinheiro em circulação, também caíram os assaltos em ônibus. Em três anos, na comparação de 2019 com 2022, as ocorrências caíram em 87%, segundo a Prefeitura de Curitiba.

Reportagem: Angelo Sfair