Vinte e dois municípios do Paraná possuem mais eleitores que habitantes, segundo levantamento feito pela Confederação Nacional de Municípios (CNM). O número é 83% maior que o registrado nas eleições de 2018, quando 12 cidades do estado continham essas incoerências.

O estudo foi feito a partir do cruzamento de dados da base de eleitores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com a população oficial calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A cidade com a maior diferença no estado é Altamira do Paraná, no centro-oeste. Por lá, segundo estimativa do IBGE, são 1.682 habitantes, já os dados do TSE apontam 3.311 eleitores aptos a votar – o número é duas vezes maior que a população.

Segundo o consultor da área técnica, da CNM, Eduardo Stranz, a diferença pode ser justificada por desatualizações nas estimativas de população feitas pelo IBGE, fraudes e, especialmente, por questões afetivas.

Outro ponto que pode justificar a diferença é a defasagem nos dados sobre a população brasileira. Segundo o especialista, desde 2015 o IBGE não ajusta a fórmula que calcula a estimativa populacional, o que tem provocado erros.

O Brasil adota uma das seis fórmulas utilizadas no mundo para estimar a população. A equação tem eficiência por quatro anos, no quinto ano, é preciso recontar a população para ajustar a fórmula. Questionado se o número maior de eleitores em relação aos habitantes em determinadas cidades pode significar fraude, o consultor disse que sim, mas que casos de curral eleitoral são pontuais.

Em todo o país, 493 cidades têm o número de eleitores maior que o de habitantes. Há dois anos, eram 308 municípios com essa diferença, o que representa um aumento de 60%.Segundo o TSE, nos casos em que há muita diferença entre eleitores e habitantes ou que há um aumento da transferência de domicílios, deve ser feita uma revisão do eleitorado.

Reportagem: Leonardo Gomes