“Érebo” exibe tragédia em forma de arte
O espetáculo aborda uma visão pessoal do luto
Em um instante, a vida muda. Na peça “Érebo – A saga ordinária dos invisíveis”, uma tragédia atravessa o cotidiano, deixando para trás um vazio profundo enquanto explora a jornada de pessoas comuns que se veem divididas entre o que foi e o que virá. Fica latente a força das lembranças, a dor do adeus e a incompreensão que se entrelaçam mostrando como é profundo o sentimento do luto.
A escolha do tema surgiu após perdas recentes no grupo, que sentiu a necessidade de abordar como a dor da morte afeta os sentimentos humanos. Para não tornar a obra muito pessoal e focada em emoções próprias, o elenco decidiu mesclar o tema com outras tragédias brasileiras.
A diretora Ana Paula Frazão destaca o orgulho que sente pela equipe, que se dedicou intensamente na tarefa de criar uma peça capaz de transmitir uma mensagem tão profunda. Todos mergulharam em pesquisas e vivências pessoais para refletir os sentimentos envolvidos ao público. Encontrar equilíbrio entre sentir as emoções e interpretar os personagens sem se deixar afundar neles, segundo ela, foi a parte mais desafiadora.
A construção da peça engloba diversos fatores. A iluminação aposta na penumbra e o espetáculo, a céu aberto, em plena noite transmite um ar pesado, que combina perfeitamente com o tema. O cenário também colabora para a imersão, com a a terra no chão que faz os movimentos dos atores serem ainda mais valorizados.
O professor de teatro Maicon Silverio, que estava presente no local como espectador, expressou sua visão sobre a obra. “Ela traz uma temática que é pungente, nos revela que estamos no vale da morte, é nossa única certeza. É um tema que provoca, instiga, ele nos leva a campos que às vezes não pensamos muito”, afirma.
O espetáculo não oferece soluções para lidar com o luto, mas lança luz sobre a realidade desse sentimento humano tão complexo – buscando trazer mais humanidade às estatísticas e lembrando que cada vida perdida é uma história interrompida. É uma experiência teatral que promete tocar cada espectador de maneira única e profunda, convidando a uma reflexão sobre a vida, a morte e a nossa própria humanidade.
Informações: Luana Cruz, da Universidade Positivo