Ex-diretor do DER-PR relata detalhes do esquema de corrupção envolvendo concessionárias de rodovias
Um delator envolvido no esquema de corrupção na concessão de rodovias no Paraná descreveu os detalhes da sistemática no setor. Em depoimento ao Ministério Público Federal, o ex-diretor do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná, Nelson Leal Júnior, repassou informações importantes para a investigação.
Ele afirma que a arrecadação de vantagens indevidas no governo de Beto Richa, do PSDB, sempre existiu, desde o início do primeiro mandato, em 2011. No entanto, com as ações da Lava Jato em curso, o esquema ficou enfraquecido.
Segundo o delator, quem comandava o sistema era o próprio ex-governador, o irmão dele e ex-secretário de Infraestrutura e Logística, Pepe Richa, o ex-chefe de gabinete, Deonilson Roldo, o ex-secretário de cerimonial, Ezequias Moreira e o empresário Luiz Abi Antoun, parente de Richa. Esse último inclusive é citado como principal operador de recursos ilícitos para campanha eleitoral.
De acordo com Leal Júnior, após a prisão de Luiz Abi, em junho de 2015, Roldo teria assumido o posto. O esquema envolveria vários setores do governo, não apenas o DER, como também a Sanepar, a Receita Estadual, a Fomento Paraná e o Porto de Paranaguá. Os gestores dos órgãos seriam responsáveis por solicitar vantagens indevidas das empresas privadas que possuíam contrato com o governo para bancar a campanha.
Em contrapartida, vários atos de ofício eram realizados em prol das empresas. O percentual de propina variava de 1 a 3% do valor de cada contrato firmado. Além de Nelson Leal Júnior, também prestaram depoimento os delatores Helio Ogama, ex-presidente da concessionária Econorte, e Hugo Ono, ex-contador da empresa.
O ex-governador do Paraná foi denunciado pela Lava Jato pelos crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa e corrupção passiva. Em outra denúncia, os ex-presidentes das concessionárias Econorte, Viapar, Ecocataratas, Caminhos do Paraná, Rodonorte e Ecovia respondem pelos crimes de corrupção ativa, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Ao todo, nas duas acusações 33 pessoas foram denunciadas.
Reportagem: Juliana Goss