O governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), classificou como inaceitável a abordagem da Polícia Militar a uma mulher na CIC, no sábado (23), após um vídeo revelar os agentes de segurança agredindo a vítima, que já estava imobilizada. Para o governador, está claro que houve excesso na conduta dos policiais.

Apesar de constatar a abordagem inadequada, a efetiva punição dos policiais depende de uma sindicância a ser instaurada pela Polícia Militar, para apurar a conduta dos responsáveis. Para o governador, as ações são um fato isolado, que não refletem o modo de atuação dos militares do estado.

Nesta segunda-feira (25), a defesa da mulher agredida anunciou o ingresso com uma denúncia formal na corregedoria da corporação, para apurar o fato. Segundo o advogado da vítima, Igor José Ogar, não há explicação possível para a conduta dos policiais militares. Ele afirma que não houve resistência à prisão e que em nenhum momento houve a tentativa de agressão da vítima contra os policiais. 1

Stephany Rodrigues é dona de uma hamburgueria que foi fechada pelos policiais por estar com a ocupação acima da capacidade permitida pelo decreto municipal. Segundo a PM, a mulher desacatou os policiais, reagiu à prisão e ainda tentou agredir um agente – por isso teria sido necessário o uso da força. Em um vídeo gravado por um aparelho de celular, a comerciante, com o rosto ferido, alega que foi agredida pelos militares. No entanto, o policial responsável pela operação alegou que os ferimentos foram causados pelo atrito com o asfalto, já que a mulher se debatia no chão enquanto os policiais tentavam algemá-la. A comerciante foi presa após reclamar aos policiais sobre o excesso na abordagem a um cliente do estabelecimento. Ele teria sido retirado à força do local, após supostamente desacatar um dos policiais.

No vídeo gravado pela comerciante, é possível ver quando os militares arrastam o homem para fora do terreno e derrubam um portão. Ela foi em direção aos policiais filmando a ação, reclamando da abordagem irregular. A mulher exigiu, ainda, que os militares fizessem o uso de máscaras de proteção, item obrigatório de acordo com o decreto municipal. A reclamação não foi bem recebida pelos policiais, que deram voz de prisão à Stephany. Ela foi levada para o fórum da Cidade Industrial de Curitiba e assinou um termo circunstanciado por desacato. O advogado do policial, Cláudio Dalledone, diz que os policiais foram até o local para coibir uma festa com som alto em via pública – o chamado ‘pancadão’. Ele alega, ainda, que houve uma ação orquestrada da mulher contra os policiais.

Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) afirma que as imagens revelam “exagerado e inaceitável uso da força contra a cidadã, a pretexto de desacato”. O órgão afirma, ainda, que vai pedir o “imediato afastamento das funções dos policiais envolvidos”, além da abertura de inquérito e adoção das sanções penais e administrativas cabíveis contra os responsáveis. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Paraná informou que determinou às polícias que apurem o caso. O prazo para conclusão do procedimento é de 30 dias.

Reportagem: David Musso