Haitianos que moram em Curitiba criticam visão negativa do Haiti

Um grupo de haitianos que mora em Curitiba publicou hoje (segunda-feira, 20) um vídeo na internet para reclamar da exposição no Brasil da imagem apenas de pobreza do Haiti.

Uma página também foi criada no Facebook para tentar expor a visão de quem nasceu no país e “mostrar o verdadeiro Haiti”. Um dos motivos de revolta são reportagens na TV brasileira que focam na pobreza e violência do país caribenho.

Em uma delas, veiculada no intervalo do jogo entre Brasil e Haiti, no dia 8 de junho, as imagens usadas foram apenas do bairro Cite Soleil, na capital Porto-Príncipe, um dos mais pobres e violentos do Haiti.

A reportagem também teria usado imagens de 2004, quando a seleção brasileira participou de um ‘amistoso da paz’ contra a seleção local, período em que o Haiti passava por uma onda de violência, causada por problemas políticos; e também de 2010, logo após o terremoto que devastou o país.

O jogo amistoso contra a seleção brasileira aconteceu logo no início da missão da ONU, que, em 2010, foi intensificada. Outra reclamação do grupo de migrantes é um artigo assinado pelo apresentador Luciano Huck em que ele relata a experiência que teve no Haiti. Ele escreveu: “depois do que vi, acho que a humanidade não deu certo”.

Um dos imigrantes que participam do vídeo, Sony Sylveus critica a ênfase dada à imagem negativa do Haiti.

Para contrapor a imagem negativa do Haiti, Sony fala sobre o lado bom do país. Ele lembra que o Haiti tem belas praias do Caribe, povo hospitaleiro, além de uma história singular, de único país das Américas onde negros declararam independência.

Assim como no Brasil, que muitas vezes é retratado apenas pelas grandes favelas e desigualdade social, o Haiti também tem riquezas.

O vídeo publicado hoje (segunda) foi produzido por alunos do projeto Projeto Português Brasileiro para Migração Humanitária da Universidade Federal do Paraná.

Apesar disso, a produção não tem relação com a universidade. O jornalista Bruno Covello, que ajudou a fazer o vídeo e desenvolve um projeto fotográfico com os haitianos em Curitiba, conta que eles quiseram dar visibilidade à reconstrução do país.

Uma estimativa não oficial das entidades que atendem imigrantes é de que entre 5 e 6 mil haitianos vivam em Curitiba hoje.

A prefeitura atende cerca de 50 por mês, que passam pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos. As relações entre Brasil e o Haiti ganharam grande densidade a partir da decisão brasileira de participar da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti, em 2004.

O terremoto de 2010, que vitimou mais de 100 mil pessoas e gerou prejuízos equivalentes a 120% do PIB do país, demandou a intensificação da cooperação brasileira ao desenvolvimento do Haiti.

Apesar de todos os problemas, segundo relatório mais recente do Instituto para Economia e Paz, um centro internacional de estudos sobre desenvolvimento humano, o Haiti é um país mais pacífico que o Brasil.

Enquanto o país caribenho ocupa hoje a posição 89 no ranking, o Brasil ocupa a posição de número 105, na lista das 163 nações avaliadas no Índice Global da Paz elaborado pelo instituto. O índice é calculado com base em número proporcional de vítimas por conflitos.

Avatar

Band News Curitiba - 96,3 FM

A BandNews Curitiba está na cidade desde 2006. A emissora caiu no gosto do curitibano e, atualmente, está entre as dez rádios mais ouvidas da cidade.

3 pessoas se afogam e precisam ser socorridas em Caiobá

3 pessoas se afogam e precisam ser socorridas em Caiobá

Adolescentes foram retirados do mar conscientes e passam bem