Japonês da Federal é preso em Curitiba por facilitar contrabando

O agente federal Newton Ishii, que ficou conhecido na Lava Jato como o “Japonês da Federal”, está preso em Curitiba, condenado por facilitação ao contrabando. Ele se entregou à Polícia Federal nesta terça-feira (7), por força de um mandado de prisão expedido pela 4.ª Vara da Justiça Federal em Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná. A ordem judicial é decorrência de uma decisão do Superior Tribunal de Justiça, que confirmou na sexta-feira passada (3) a condenação, depois de vários recursos negados em outras instâncias.

Enquanto recorria da condenação, o agente federal trabalhava normalmente na Polícia Federal e até agora era o chefe da carceragem da Superintendência em Curitiba. Alvo da Operação Sucuri da Polícia Federal, Newton Ishii foi detido em 2003 e condenado a 4 anos e 2 meses de prisão em regime semiaberto. Na prática, ele deve cumprir 8 meses e 10 dias – o equivalente a um sexto da pena. Desse total, já cumpriu 4 meses em 2003. De acordo com o advogado de Ishii, Oswaldo Loureiro de Mello Júnior, é provável que os 4 meses restantes sejam cumpridos em regime aberto com tornozeleira eletrônica ou em prisão domiciliar, porque não há unidade de regime semiaberto em Foz do Iguaçu. A defesa ainda avalia a conveniência de recorrer novamente. Depois de o STJ negar o recurso mais recente, prevaleceu a decisão do Supremo Tribunal Federal, que determina condenados fiquem presos assim que tiverem sentença confirmada em segunda instância.

Além da prisão, outra consequência da condenação deve ser a demissão de Newton Ishii do serviço público. Depois da prisão em 2003, Ishii se aposentou em outubro daquele ano, mas, em abril de 2014 foi reintegrado à Polícia Federal, quando vários agentes federais tiveram aposentadorias suspensas. Na chefia da carceragem da Polícia Federal em Curitiba, o agente acabou ficando exposto em imagens veiculadas na imprensa porque participava do transporte de presos para audiências ou em transferências.

As aparições renderam homenagens a Newton Ishii, com marchinha de carnaval e boneco inflável. Em fevereiro, o policial visitou o Congresso Nacional, em Brasília, e chegou a tirar selfies com políticos como Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Newton Ishii também é investigado por suspeita de vazar informações sobre operações da Polícia Federal. Ele foi citado em uma conversa entre o ex-advogado do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, Edson Ribeiro, o senador Delcídio do Amaral, o chefe de gabinete do senador, Diogo Ferreira, e o filho de Cerveró, Bernardo. Alguns dias depois da divulgação, Bernardo Cerveró enviou uma carta com um pedido de desculpas a Ishii.

A Operação Sucuri, que deu origem à ação penal que condenou o policial, revelou que 23 agentes federais, sete técnicos da Receita Federal e três Policiais Rodoviários Federais estavam envolvidos na facilitação de contrabando em Foz do Iguaçu, que fica na fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina.

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