Juiz Sérgio Moro decide soltar Vaccarezza
O juiz federal Sérgio Moro decidiu nesta terça-feira (22) soltar o ex-deputado federal Cândido Vaccarezza, do PTdoB. O político foi preso temporariamente na sexta-feira (18), na 44ª fase da Operação Lava Jato, batizada “Abate”. Pesou em favor da liberação de Vaccarezza, de acordo com o despacho do juiz, o fato de ele ter agendado um exame médico relacionado ao tratamento de um possível câncer de próstata e fato de ele não ter cargo público atualmente, apesar de ser membro atuante de um partido. Moro determinou na decisão que o político deverá pagar fiança de um milhão e meio de reais. O ex-deputado pode ser solto imediatamente, mas tem prazo de 10 dias para pagar o valor.
Na mesma decisão, o juiz Moro também decidiu soltar, após o pagamento de fiança, o ex-gerente da Petrobras Márcio Albuquerque Aché Cordeiro, que também foi detido na sexta-feira. Para que possa deixar a cadeia, ele deverá pagar 370 mil reais. No mesmo despacho, Moro manteve o mandado de prisão temporária contra o executivo Luiz Eduardo Loureiro Andrade, que não foi detido porque está nos Estados Unidos, onde mora, segundo a defesa.
Nesta terça-feira, o advogado que o representa disse que o cliente deverá voltar ao Brasil e se apresentar à Polícia Federal em Curitiba na quinta-feira. Moro afirmou que vai aguardar para que ele seja detido, para só então definir o futuro do executivo. Os dois investigados que serão soltos se pagarem a fiança, Vacarezza e Márcio Cordeiro, devem cumprir uma série de exigências. Os passaportes serão retidos e eles ficam impedidos de deixar o país sem autorização judicial. Além disso, não podem ter contato com outros investigados na Operação Abate, nem mudar de endereço sem avisar a Justiça.
Sobre Vaccarezza, ex-líder dos governos Lula e Dilma, que deixou o PT para se filiar ao PT do B, o juiz Sérgio Moro disse que ele utilizou o poder e influência do cargo para que a Petrobrás contratasse a empresa Sargeant Marine para fornecimento de asfalto. Como contrapartida, teria recebido cerca de 478 mil dólares, entre 2010 a 2012, de vantagem indevida. Há ainda fundada suspeita, segundo Moro, de que Cândido Vaccarezza estaria envolvido em outros crimes contra a Administração Pública, aparentemente tendo posto o mandato eletivo à venda para intermediar contratos com a Petrobrás ou com outras entidades da Administração Pública direta ou indireta.
O juiz afirma que, salvo o episódio envolvendo a Sargeant Marine, as investigações relacionadas aos outros fatos ainda nem se iniciaram e as provas pertinentes ainda são limitadas. Apesar disso, o fato de ser encontrado, na busca e apreensão, a quantia de 120 mil reais em espécie na residência do ex-deputado não lhe favorece. Moro lembra que o investigado apresentou uma explicação para o fato, mas ela precisar ser mais analisada na investigação.
A defesa de Cândido Vaccarezza, por meio do advogado Marcellus Ferreira Pinto, afirma que a decisão de soltura não surpreende. Por meio de nota, o advogado afirma que está convicto da inocência de Vaccarezza. Segundo a defesa, o ex-deputado teve o nome indevidamente incluído nos fatos investigados no processo.