Lava Jato sugeriu buscar provas contra ministro Gilmar Mendes na Suíça, apontam novos trechos de mensagens
Novos trechos de mensagens trocadas entre membros da força tarefa lava-jato obtidas pelo The Intercept Brasil e divulgadas pelo El País, nesta terça-feira (06), revelam que procuradores da operação em Curitiba se mobilizaram para coletar dados e informações sobre o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. O objetivo, segundo a publicação, era pedir a suspeição e o impeachment do ministro. Esta é a décima quinta reportagem divulgada pelo The Intercept Brasil.
Conforme a publicação, a apuração dos dados era liderada pelo coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol. A estratégia contra Gilmar Mendes foi discutida ao longo de meses em conversas pelo aplicativo Telegram.
De acordo com o El País, nos diálogos, os procuradores inclusive planejaram acionar investigadores na Suíça para tentar reunir informações contra o ministro. A intenção dos membros do ministério público era tentar uma possível ligação entre Gilmar Mendes e Paulo Preto, que é apontado como operador financeiro do PSDB e já havia sido beneficiado por um habeas corpus concedido pelo Ministro.
Uma aposta da força-tarefa era a de que Gilmar Mendes aparecesse como beneficiário de contas e cartões que o operador mantinha na Suíça, um material que já estava sob exame dos investigadores do país europeu. As mensagens sobre o assunto iniciam no grupo do Telegram porque Dallagnol comenta saber de “um boato” vindo da força-tarefa de São Paulo de que parte do dinheiro mantido por Paulo Preto em contas no exterior pertenceria a Gilmar Mendes.
O ministro afirmou nesta terça-feira (06) que não conhece e nunca teve contato com Paulo Preto e ainda disse que a Lava Jato é usada para atender interesses pessoais.
O ministro ainda disse que esta é a maior crise do judiciário desde a redemocratização e afirmou que a Justiça Federal e a Procuradoria-geral da República estão comprometidas.
O colunista da BandNews, Rodrigo Haidar, afirma que o conteúdo das conversas é extremamente grave e lembra queartigo 102 da Constituição Federal determina que os ministros do Supremo só podem ser investigados com autorização de seus membros e a competência para análise do procedimento é, necessariamente, da Procuradoria-Geral da República.
O colunista da BandNews ainda reforça que alguns dos atos praticados pela força-tarefa Lava Jato foram ilegais. Para ele, não se justifica o cometimento de um crime em nome do combate a corrupção.
Por meio de nota, a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba informou, mais uma vez, que não reconhece as mensagens que têm sido atribuídas a seus integrantes nas últimas semanas. Além disso, no comunicado, o MPF diz que não surgiu nas investigações nenhum indício de que cartões da conta de Paulo Preto tenham sido emitidos em favor de qualquer autoridade sujeita a foro por prerrogativa de função.
A força-tarefa ressaltou ainda que sempre que surgem indícios do envolvimento em crimes de pessoas com foro privilegiado, o MPF encaminha as informações à procuradoria-geral da República e ao Supremo Tribunal Federal.
Reportagem: Thaissa Martiniuk