Matinhos: troca da restinga preocupa moradores e pesquisadores
Plantas exóticas teriam sido preservadas, mudança deve ter um impacto na fauna da região
O governo estadual vai fazer o replantio da restinga em 6,3 quilômetros, da orla de Matinhos, entre o Morro do Boi e o Balneário Flórida. Atualmente, a área de vegetação nativa corresponde a um terço dos 34 mil metros quadrados de plantas da região. Pelo projeto governamental, a cobertura vai passar a 75 mil metros quadrados até o segundo semestre de 2024, apenas com plantas nativas. 46% desta área já está replantada. O diretor de Saneamento Ambiental e Recursos Hídricos do Instituto Água e Terra, José Luiz Scroccaro, fala sobre a importância da ação.
De acordo com o governo do Paraná foi preparado, juntamente com o Consórcio Sambaqui, responsável pela obra da orla, uma logística para substituição e recuperação da vegetação. Há um viveiro com capacidade de produzir 650 mil mudas. No entanto, o professor de geologia e pesquisador do Centro de Estudos do Mar da UFPR Marcelo Lamour que esteve no local no dia em que foram iniciados os trabalhos disse que a vegetação nativa foi retirada e outras plantas não nativas foram preservadas.
Adriana Xavier da Silva, moradora da Avenida Atlântica, contou que a retirada da restinga que havia no local já causou impacto na fauna da região.
Ela também conta que há uma preocupação de que a retirada da vegetação possa provocar um aumento da temperatura na área e possíveis danos às edificações durante as ressacas do mar, já que onde ela mora, não foi feita a engorda da faixa de areia.
Segundo o governo do estado, o Projeto de Recuperação da Orla de Matinhos é o maior investimento em infraestrutura realizado no Litoral, com R$ 314,9 milhões. O engordamento da faixa de areia está pronto e intervenções de drenagem ainda vão ser feitas para evitar enchentes.
Reportagem: Amanda Yargas