Médicos do Paraná já emitiram mais de 32 mil declarações a pacientes com comorbidades
Mais de 32 mil declarações de pacientes com comorbidades foram emitidas na rede particular de saúde em todo o Paraná, até esta segunda-feira (17). Somente em Curitiba, o número se aproxima de 22 mil. A declaração de comorbidade é uma exigência para a vacinação contra a Covid-19, para os pacientes que não realizam seus tratamentos no Sistema Único de Saúde – o SUS.
Segundo o presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná Roberto Issamu Yosida, apesar dos números expressivos, não houve uma corrida por diagnósticos de comorbidade no estado.
O paciente da rede privada precisa procurar o seu médico para emissão da declaração. Comprovada a comorbidade, o profissional emite o documento no Portal de Serviços do CRM-PR, ou via aplicativo. Nestes canais, o médico encontra a lista das 22 doenças consideradas elegíveis para a imunização contra a Covid-19.
O médico responsável pelo tratamento do paciente deve assinar a declaração, atestando a veracidade e autenticidade das informações por ele prestadas. A emissão do documento com dados inverídicos pode acarretar em responsabilização criminal do médico.
Para os pacientes que são atendidos pela rede pública de saúde, na capital paranaense, a declaração não é necessária. Segundo a prefeitura, o sistema da Secretaria Municipal de Saúde possui o registro dos pacientes com comorbidade. Este grupo está sendo convocado para receber a vacina, pelo aplicativo Saúde Já, conforme a faixa etária. No momento da vacinação, o paciente precisa apresentar um documento de identificação com foto e um comprovante de residência recente de Curitiba.
O plano municipal de imunização prevê que 800 mil pessoas na capital paranaense possuem ao menos uma comorbidade elegível para a vacinação contra a Covid-19, considerando os pacientes da rede pública e da rede privada. Esse público deve ser vacinado antes dos pacientes com idade abaixo de 60 anos.
Nesta terça-feira (18), Curitiba vacina contra o coronavírus pessoas com 49 anos ou mais com comorbidades. Na segunda-feira (17), pacientes com idade superior a 51 anos foram vacinadas. Paralelamente, professores e trabalhadores da educação também recebem a imunização.
Ao todo, são 22 comorbidades elegíveis para a vacinação contra a Covid-19, dentre elas, diabetes, pneumonia, hipertensão arterial e insuficiência cardíaca.
Comorbidades contempladas na vacinação contra a Covid-19:
- Diabetes mellitus (qualquer indivíduo com diabetes);
- Pneumopatia crônica grave (indivíduos com pneumopatias graves incluindo doença pulmonar obstrutiva crônica, fibrose cística, fibroses pulmonares, pneumoconioses, displasia broncopulmonar e asma grave com uso recorrente de corticoides sistêmicos ou internação prévia por crise asmática).
- Hipertensão Arterial Resistente (pacientes cuja pressão arterial permanece acima das metas recomendadas com o uso de três ou mais anti-hipertensivos de diferentes classes, em doses máximas preconizadas e toleradas, administradas com frequência, dosagem apropriada e comprovada adesão ou com pressão arterial controlada em uso de quatro ou mais fármacos anti-hipertensivos);
- Hipertensão Arterial estágio 3 (pressão arterial sistólica ≥180mmHg e/ou diastólica ≥110mmHg independente da presença de lesão em órgão-alvo ou comorbidade);
- Hipertensão Arterial estágio 1 e 2 com lesão em órgão-alvo e/ou comorbidade (pressão arterial sistólica entre 140 e 179mmHg e/ou diastólica entre 90 e 109mmHg na presença de lesão em órgão-alvo e/ou comorbidade);
- Insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida, intermediária ou preservada; em estágios B, C ou D, independente de classe funcional da New York Heart Association;
- Cor-pulmonale crônico, hipertensão pulmonar primária ou secundária;
- Cardiopatia hipertensiva (hipertrofia ventricular esquerda ou dilatação, sobrecarga atrial e ventricular, disfunção diastólica e/ou sistólica, lesões em outros órgãos-alvo);
- Síndromes coronarianas crônicas (angina pectoris estável, cardiopatia isquêmica, pós-infarto agudo do miocárdio);
- Valvopatias (lesões valvares com repercussão hemodinâmica ou sintomática ou com comprometimento miocárdico);
- Miocardiopatias de quaisquer etiologias ou fenótipos; pericardite crônica; cardiopatia reumática;
- Doenças da aorta, dos grandes vasos e fístulas arteriovenosas (aneurismas, dissecções, hematomas da aorta e demais grandes vasos);
- Arritmias cardíacas com importância clínica e/ou cardiopatia associada (fibrilação e flutter atriais; entre outras);
- Cardiopatias congênitas no adulto com repercussão hemodinâmica, crises hipoxêmicas; insuficiência cardíaca; arritmias; comprometimento miocárdico;
- Doença cerebrovascular (acidente vascular cerebral isquêmico ou hemorrágico; ataque isquêmico transitório; demência vascular);
- Doença renal crônica estágio 3 ou mais (taxa de filtração glomerular < 60 ml/min/1,73 m2) e síndrome nefrótica;
- Imunossuprimidos (indivíduos transplantados de órgão sólido ou de medula óssea; pessoas vivendo com HIV; doenças reumáticas imunomediadas sistêmicas em atividade e em uso de dose de prednisona ou equivalente > 10 mg/dia ou recebendo pulsoterapia com corticóide e/ou ciclofosfamida; demais indivíduos em uso de imunossupressores ou com imunodeficiências primárias; pacientes oncológicos que realizaram tratamento quimioterápico ou radioterápico nos últimos 6 meses; neoplasias hematológicas);
- Hemoglobinopatias graves (doença falciforme e talassemia maior);
- Obesidade mórbida (IMC ≥ 40);
- Síndrome de down (trissomia do cromossomo 21);
- Cirrose hepática (cirrose hepática Child – Pugh A, B ou C);
- Pessoas com deficiência permanente entre 18 e 59 anos e que sejam cadastradas no Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Reportagem: David Musso