Moro defende que aceitar cargo de ministro ‘não é ingressar na política’
Na primeira palestra depois de ter aceitado o convite para ser ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro, do PSL, o juiz federal Sérgio Moro afirmou na noite desta segunda-feira (5), em Curitiba, que jamais vai se candidatar a um cargo político eletivo.
Além de se dedicar a fazer um balanço da Operação Lava Jato e de outros casos da carreira jurídica, ele defendeu o regime democrático, disse que aceitou o convite para desanuviar possíveis temores em relação ao novo governo e que o Executivo vai preparar nos primeiros dias do mandato um pacote legislativo de medidas anticorrupção e de combate ao crime organizado.
Até semana passada responsável pelos processos decorrentes da Lava Jato em Curitiba, Moro comentou a decisão de aceitar o cargo político. Para um auditório quase lotado na sede da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), o juiz foi convidado a falar sobre posturas individuais que podem transformar o meio, na abertura da 5.ª Conferência Internacional de Energias Inteligentes. Mas, fugiu do tema e disse que os acontecimentos dos últimos dias prejudicaram o conteúdo da palestra.
Em tom mais descontraído que o usual, o juiz comentou detalhes sobre os momentos mais delicados da Operação Lava Jato. Respondendo a críticas que recebeu por ter dito diversas vezes que não tinha pretensões políticas, Moro disse que se vê assumindo apenas um cargo técnico.
O juiz também defendeu a democracia como o único regime em que é possível realizar um trabalho de combate à corrupção, como o da Lava Jato.
Inspirado no juiz Giovanni Falcone (que esteve à frente da Operação Mãos Limpas no início dos anos 1990, investigou a máfia e assumiu um cargo no Ministério da Justiça, na Itália), Moro justificou deixar a magistratura para assumir o Ministério.
Moro falou ainda sobre o vazamento de informações durante a Operação Lava Jato e a decisão de dar publicidade a todos os atos do processo. Na tarde desta terça-feira (6), o juiz concede uma entrevista coletiva em Curitiba para comentar a decisão de deixar a magistratura e assumir o Ministério da Justiça no governo de Jair Bolsonaro. Cerca de 100 jornalistas estão credenciados. Ainda nesta semana, Moro deve ir a Brasília para uma nova reunião com o presidente eleito e com parte da atual equipe do Ministério da Justiça.
Reportagem: Lenise Klenk