Mortes maternas são 12% maiores do que as registradas oficialmente
Levantamento foi feito pelo Observatório Obstétrico Brasileiro e identificou falha em 347 registros em 2021
As mortes de mulheres durante a gravidez ou o parto são 12% maiores do que as registradas oficialmente pelo Ministério da Saúde. A conclusão é do Observatório Obstétrico Brasileiro, que analisou bases de dados de todo o país. Em 2021, a entidade identificou 347 óbitos que deveriam ter sido notificados como morte materna, além das mais de 2.800 mortes oficiais registradas no ano passado.
Segundo a pesquisadora responsável pelo levantamento, Rossana Francisco, estas mortes foram registradas com outras causas, como por exemplo, doenças relacionadas ao coração.
Os dados de 2021 ainda são preliminares e podem sofrer alterações. O mesmo levantamento foi feito entre 2016 e 2020, período em que os dados já estão consolidados, e as mortes maternas registradas como causadas por outros fatores variaram de 8% a 12% do total. São consideradas mortes maternas os óbitos ligados a gravidez que ocorram até 42 dias após o parto. Se a morte da mãe acontecer depois desse período e até um ano após o parto, ela é chamada de mortalidade materna tardia, e aqui os casos não notificados são ainda maiores, ficam entre 29 e 39% acima dos números oficiais, também considerando os anos de 2016 a 2021.
Segundo Rossana Francisco, estes resultados indicam que é preciso alterar a forma de notificação dos casos.
Questionado sobre esses números, o Ministério da Saúde informou apenas que o registro do número de óbitos classificados como maternos no Sistema de Informações de Mortalidade é feito por meio dos campos causa básica e momento do óbito.
Reportagem: Amanda Yargas.