Mortes na fila de espera por leitos dobram em março e já superam ano passado
O colapso do sistema de saúde fez dobrar o número de pacientes com covid-19 que morrem à espera por um leito no Paraná. Dos 1.688 óbitos registrados nesta situação, 841 aconteceram em março. Os dados fornecidos pela Secretaria de Estado da Saúde não contemplam Curitiba e região metropolitana — que têm uma central própria para regulação de leitos — o que indica que o número real é ainda maior.
De acordo com a Sesa, os registros parciais de março já superam todo o ano de 2020. Desde o início da pandemia, até dezembro do ano passado, foram registrados 578 óbitos de pacientes que aguardavam por um leito. A partir de janeiro de 2021, a evolução dos casos é nítida: foram 93 mortes no primeiro mês do ano, 176 no mês seguinte e 841 em março (considerando o período entre o dia 1º e o dia 23).
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná afirma que nenhum dos pacientes com covid-19 que morreram à espera por um leito estava em casa ou completamente desassistidos.
Segundo a pasta, “todos estavam recebendo atendimento em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e hospitais de pequeno porte”, e aguardavam a transferência para unidades de referência. Ainda de acordo com a secretaria estadual, “o cancelamento de pedido de transferência por óbito não significa que o paciente estava sem assistência médica adequada, visto que o atendimento nestas unidades é semelhante ao que receberiam em leitos exclusivos para covid-19”.
Apesar das explicações, o aumento expressivo de mortes nesta situação revela a pressão da pandemia sobre o sistema integrado de saúde. Até ontem (23), segundo o Portal da Transparência, 921 pacientes aguardavam a transferência para um leito especializado, dos quais 518 tinham a indicação para uma unidade de terapia intensiva.
Reportagem: Angelo Sfair