A precarização das condições de trabalho de motoristas de aplicativo aumentou em uma década no Brasil. De acordo com estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado na quarta-feira (22), os impactos atingem as jornadas de trabalho, as contribuições previdenciárias e também menor renda média. Todos são consequências, conforme análise, da expansão de motoristas no transporte de passageiros após o avanço de aplicativos no país. Em 2015, eram cerca de 600 mil profissionais. Em 2022, o total alcançou cerca de 1 milhão e 100 mil, acréscimo vindo de aplicativos, com 88% dos profissionais como autônomos.

O estudo foi feito com base nos dados da Pnad Contínua, do IBGE. Para o pesquisador do Ipea, Sandro Sachet (Saquéti), um dos fatores que levou ao aumento foi a crise econômica vivida pelo Brasil em meados de 2014. Na avaliação do pesquisador, muitos profissionais preferem atuar como autônomos pela suposta liberdade.

Ainda conforme o levantamento, 47% dos motoristas de aplicativos tinham cobertura previdenciária em 2015, índice que caiu para 24% em 2022. O pesquisador avalia que, em algumas décadas, a precarização pode tornar a Previdência insustentável.

De acordo com o IPEA, o rendimento médio desses trabalhadores caiu de R$ 3.100 entre 2012 e 2015 para R$ 2.400 em 2022. Sachet atribui o aumento de jornada destes trabalhadores à queda de rendimento.

O estudo identificou aumento da proporção dos motoristas de aplicativo com jornadas entre 49 e 60 horas semanais.

Reportagem: Bárbara Hammes