MP cobra explicações por compra e distribuição de Ivermectina pela Prefeitura de Paranaguá

 MP cobra explicações por compra e distribuição de Ivermectina pela Prefeitura de Paranaguá

Foto: divulgação/Prefeitura de Paranaguá

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Foto: divulgação/Prefeitura de Paranaguá

O Ministério Público investiga a compra e a distribuição do remédio Ivermectina pela Prefeitura de Paranaguá, no litoral. O vermífugo não tem eficácia comprovada no tratamento ao coronavírus, mas tem sido ministrado pelo Poder Público como forma de “prevenir manifestações graves” da covid-19. O município gastou R$ 3 milhões para comprar 80 mil doses. O vermífugo é distribuído em um ginásio da cidade desde a semana passada, e a população faz filas para conseguir o remédio.

O Ministério Público abriu prazo para que a Prefeitura de Paranaguá explique a decisão. As questões são basicamente aquelas enviadas pela BandNews FM ao município na última sexta-feira (17). A Promotoria quer saber, por exemplo, quais foram os critérios científicos e os embasamentos técnicos que sustentaram a compra emergencial da Ivermectina. O MP também questiona como o município calculou a compra de 1 milhão e quatrocentas mil doses. Além disso, quer explicações sobre como foi estabelecido o protocolo de medicação.

Em nota à BandNews FM, a Prefeitura de Paranaguá explicou que o vermífugo é ministrado por médicos para pessoas com mais de 40 anos, ou jovens com comorbidades que indicam risco à Covid-19. O município reconheceu que nenhum estudo científico comprovou a eficácia da Ivermectina, mas ponderou que não há contraindicações relevantes. Sobre a nota da Anvisa, que se posicionou contra o vermífugo no combate ao coronavírus, a secretaria municipal da saúde se limitou a dizer que “não há estudos que refutam seu uso”.

Ainda por meio de nota, a Prefeitura de Paranaguá salientou que não tem a “expectativa de cura ou utilizar a Ivermectina como um tratamento milagroso, ou mesmo uma vacina contra a Covid-19”, mas que o “intuito é diminuir os casos agravados da doença”, embora não exista comprovação de que o vermífugo seja capaz disso.

A prefeitura cita pesquisas conduzidas em Melbourne, na Austrália, que alcançaram relativo sucesso in vitro – ou seja, em laboratório. O estudo da Universidade de Monash, publicado em uma revista médica, indicou que a Ivermectina foi capaz de eliminar o novo coronavírus das células após 48 horas da primeira dose.

No entanto, para replicar os resultados em humanos, seria necessária uma dose 17 vezes maior do que a indicada, o que provocaria uma overdose. Por isso, a própria universidade australiana é taxativa em afirmar que a Ivermetcina não pode ser utilizada em humanos até que ensaios clínicos comprovem a eficácia e apontem para a dosagem segura a ser ministrada.

Entidades como a Universidade de Monash, a Organização Mundial da Saúde, a Secretaria de Estado da Saúde e Sociedade Brasileira de Infectologia não recomendam o uso da Ivermctina para tratar o coronavírus. Os órgãos aconselham o uso conforme a bula, que indica o medicamento para combater vermes e parasitas, como piolho e sarna.

Reportagem: Angelo Sfair

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