Para defesa de Lula, absolvição em Brasília evidencia condenação ilegítima no caso do triplex
A defesa de Lula deve usar a absolvição do ex-presidente em um processo da Lava Jato em Brasília para reforçar recursos contra a condenação no caso do triplex. O juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10.ª Vara Federal Criminal no Distrito Federal, absolveu nesta quinta-feira (12) o ex-presidente no processo em que era acusado de obstrução à Justiça, em um suposto esquema para a compra do silêncio do ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró. Mais seis réus também foram absolvidos.
A sentença foi proferida exatamente um ano depois de o juiz Sergio Moro condenar Lula no caso do tríplex, em 12 de julho do ano passado. Um dos advogados de Lula, Cristiano Zanin, afirma que a decisão evidencia o caráter ilegítimo da sentença que condenou o ex-presidente no caso do triplex, com base em depoimento de um réu interessado em fechar acordo de delação premiada.
Na sentença desta quinta-feira (12), o juiz Ricardo Leite afirma que o áudio captado pelo filho de Cerveró “não constitui prova válida para ensejar qualquer decreto condenatório”. Em alegações finais do processo, o Ministério Público Federal do Distrito Federal havia pedido que o ex-presidente fosse absolvido da acusação.
Para o advogado Cristiano Zanin, a sentença de absolvição reconhece o argumento da defesa de que a acusação se baseou em uma versão criada pelo ex-senador Delcídio do Amaral para obter benefícios em acordo firmado com o Ministério Público Federal. Segundo o advogado, Cerveró, assim como as demais testemunhas ouvidas, jamais confirmaram no processo qualquer participação de Lula em atos que tivessem como objetivo interferir na delação premiada do ex-diretor da Petrobras.
Zanin diz que enquanto o juiz de Brasília, de forma imparcial, negou valor probatório à delação premiada de Delcídio do Amaral, o juiz de Curitiba, Sérgio Moro, deu valor absoluto ao depoimento de um corréu e delator informal para condenar Lula.