Dentro de 30 a 40 dias, o Governo do Paraná vai enviar para Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) um protocolo com as informações sobre os procedimentos que o Estado vai utilizar para testar a vacina russa contra a covid-19. Depois disso a Anvisa precisa aprovar o pedido, para que aí sim os primeiros testes com a Sputnik 5 possam começar no Brasil.

Em uma videoconferência entre representantes do governo do Paraná, do Ministério da Saúde e da embaixada da Rússia, nesta quarta-feira (12), o governador do Estado, Ratinho Júnior (PSD), assinou o documento de intenções de produção da vacina russa. Com o memorando, agora os dois governos pretendem trabalhar juntos no desenvolvimento dos testes e na produção da vacina.

Segundo o presidente do Tecpar, Jorge Callado, uma força tarefa está sendo realizada para que o grupo paranaense possa iniciar as tratativas técnicas com o grupo russo na próxima segunda-feira, dia 17 de agosto.

A ideia é que a Rússia compartilhe, com o Governo do Paraná e com o Governo Federal, os resultados das fases 1 e 2 dos estudos da vacina.

Jorge Callado comentou que dentro de 30 a 40 dias, a Anvisa deve receber o protocolo para realizar então, os testes da vacina russa (3ª e última fase).

Depois da aprovação da Anvisa e dos órgãos federais, a produção da vacina russa contra o coronavírus no Paraná, deve começar no 2º semestre de 2021, mas a Sputnik 5 pode chegar antes no Brasil, porque, de acordo com Jorge Callado, há a possibilidade de o Estado importar a vacina russa.

Segundo o presidente do Tecpar, o valor aproximado do investimento gira em torno de R$ 80 milhões.

A vacina russa é questionada pela comunidade internacional, porque pouco se sabe sobre a eficácia dela. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que sejam realizadas três etapas de testes. A Rússia alega que os testes estão em fase final de estudos. No entanto, os resultados ainda não foram compartilhados.

Atualmente, a OMS confirma que quatro vacinas estão na fase 3 de ensaios clínicos, porém a desenvolvida pelo Instituto Gamaleia (Gamaléia) de Moscou não está entre elas.

De acordo com a vice-diretora geral da OMS, Mariângela Batista Galvão Simão, apenas 17% das vacinas que chegam à fase 3 se confirmam como alternativas seguras e, de fato, imunizantes.

O governo russo informou que realizou as duas primeiras etapas de testes e que vai começar o teste em humanos em breve. O governo também disse que as críticas ou preocupações internacionais não têm fundamento. De acordo com o Governo do Paraná, se os testes não forem eficazes, a vacina não vai ser produzida, a ideia é ter total segurança em relação à vacina.

• Confira alguns trechos do memorando de entendimento:

Desenvolver atividades conjuntas e organizar negociações em prol do desenvolvimento da vacina contra Sars-CoV-2 (Covid-19) no território do Estado do Paraná na perspectiva de curto prazo;

Compartilhar, conforme instrumentos contratuais específicos a serem formalizados, experiências e tecnologias entre as Partes e providenciar mecanismos que permitam a cooperação apta a possibilitar orientações técnicas e profissionais relacionadas à vacina contra Sars-CoV-2 (Covid-19);

As partes arcarão com os custos e ônus decorrentes das ações que realizarem;

As partes acordam que a assinatura deste memorando de entendimento não as vincula à assinatura de um acordo definitivo, consistindo única e exclusivamente na exposição de vontade de cooperaram em conjunto para realização do objetivo;

As ações, projetos e programas desenvolvidos a partir do presente memorando de entendimento são constituídas por obrigações de meio, portanto, sob nenhuma circunstância, geram direito a indenização de qualquer natureza em juízo ou fora dele.

Reportagem: Fernanda Scholze