Pesadelos do capitalismo são retratados em “Kraken”
Em três atos, excesso de trabalho é protagonista da peça
Kraken, da mitologia nórdica, era uma espécie de lula gigante que ameaçava os navios. O mundo do trabalho e a necessidade de inserção nos padrões do capitalismo são aspectos retratados na peça que leva o mesmo nome da clássica criatura, associando com os “tentáculos” do sistema em que vivemos.
A estreia de Kraken, uma produção de dança-teatro da Cia Kà, explora, em três atos, o egoísmo que surge no mundo competitivo e o cansaço da rotina exaustiva. A trilha sonora mantém o público em estado de alerta o tempo inteiro, até em momentos que, em teoria, deveriam ser de descontração.
Caio Frankiu, diretor da peça, descreve a obra como “atos fortes que representam o excesso de trabalho e nossas exaustões pessoais ao trabalhar de domingo a domingo. Assim, mostra nossa necessidade de fuga da realidade com algum tipo de distração desequilibrada para conseguir suportar a segunda-feira”.
Diferentes figurinos, músicas e coreografias colocam a plateia diante de uma narrativa bem conhecida e sem perspectiva de mudança. É essa a ficha que, quando cai, deixa em choque e faz entender a angústia que a montagem busca provocar.
A apresentação aconteceu na última sexta-feira (29), dentro da Mostra Namoskà, com duas sessões lotadas, às 17h e às 21h, no auditório Glauco Flores de Sá Brito, o miniauditório do Teatro Guaíra, que concedeu um ar ainda mais intimista à obra.
Reportagem: Ana Bavutti, estudante da Universidade Positivo(UP)