Pisos táteis instalados em calçadas da rua Mangueira, em Fazenda Rio Grande, na região metropolitana de Curitiba, são interrompidos por canteiros. As estruturas, que deveriam servir para guiar pessoas com deficiência visual, se tornaram armadilhas para quem tenta caminhar pelo trajeto.

As obras custaram R$ 220 mil. Daiana Bertollini, deficiente visual e diretora da instituição APADEVI, conta que não se sente segura nas calçadas.

De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), as bolinhas sobre o chão formam o chamado “piso tátil de alerta”, que indicam mudança de rota ou obstáculo. Já o piso direcional, instalado na calçada em Fazenda Rio Grande, conta com traços paralelos que apontam o caminho a ser seguido, sem obstáculos.

A norma também diz que elementos que podem ser identificados com o uso da bengala são perceptíveis. É o caso dos canteiros. No entanto, eles poderiam ser evitados, já que há espaço para o caminho contínuo, evitando o entrave. A arquiteta e urbanista Georgia Palacio, Conselheira suplente do CAU-PR, lembra que as normas para os pisos são apenas orientadoras e não têm força de lei.

Por outro lado, ela destaca que é preciso bom senso no momento da instalação dos pisos.

A norma técnica sobre os pisos táteis foi revisada em janeiro de 2024. O texto lembra a importância da sinalização como um recurso complementar para “prover segurança, orientação e mobilidade a todas as pessoas, principalmente àquelas com deficiência visual ou surdo-cegueira”. Para Daiana, as prefeituras precisam conversar com os usuários antes de instalar os pisos.

Em nota, a Prefeitura de Fazenda Rio Grande afirma que tem seguido todas as normas da ABNT, mas que trocou a empreiteira responsável pela obra.

Reportagem: Ana Flavia Silva e Giovanna Retcheski