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Professor surdo faz primeira apresentação de doutorado bilíngue na UFPR

A tese foi apresentada nas versões de língua portuguesa escrita e Libras

 Professor surdo faz primeira apresentação de doutorado bilíngue na UFPR

Imagem: arquivo pessoal

Um professor surdo foi o primeiro a defender uma tese de doutorado em versão bilíngue completa, língua portuguesa escrita e Libras (Língua Brasileira de Sinais) na Universidade Federal do Paraná.

O doutorando em Educação Danilo Silva Knapik analisa o contexto histórico, as condições educacionais e sociais dos primeiros estudantes surdos que frequentaram o atual Instituto Nacional de Educação dos Surdos (INES), entre 1856 e 1868.

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Ele aprofunda o tema de uma carta escrita por um aluno surdo que sofreu maus tratos. Em entrevista, por escrito, para a reportagem da BandNews, Danilo explica que “a análise destes documentos me permitiu inferir e compreender a situação dos estudantes surdos na época imperial, assim como de outras minorias contemporâneas que, como os surdos, também passaram por situações de sofrimento. De fato, os surdos tiveram seus direitos negados em relação aos ouvintes e, de forma similar, os negros em relação aos brancos.”

Danilo ainda afirma que Libras é a primeira língua para surdos brasileiros, com características gramaticais próprias como qualquer outra língua. Então ele fez a tradução integral da tese para Libras. Ou seja, ele traduzia para o português o que estava sendo transmitido em Libras a fim de garantir acessibilidade linguística para as pessoas que não sabem Libras.

O trabalho dele foi defendido em setembro de 2022, com orientação das professoras Laura Ceretta Moreira e Noemi Nascimento Ansay. Laura fala sobre os desafios da orientação que foi amparada por intérpretes de Libras.

“A experiência de orientar um pesquisador surdo, como foi o caso do Danilo, foi desafiante. Foi necessário trabalhar com duas línguas, a portuguesa e a língua brasileira de sinais, sempre com o apoio de dois intérpretes de Libras. É importante ressaltar que a professora Noemi Ansay que esteve na coordenadoria da tese foi fundamental pra construção dessa pesquisa. A quantidade de tempo para construir uma tese que passe por duas línguas é muito maior e nos aponta que os desafios da inclusão não são poucos”.

Para a reportagem Danilo contou que não existe museu brasileiro sobre pessoas surdas e línguas de sinais. Ele defende que, “com o aumento das pesquisas realizadas com esses registros históricos ainda não pesquisados, haverá uma ampliação na área dos estudos sobre a história dos surdos, pois será possível a existência de diversas perspectivas históricas”. 

A orientadora Laura ressalta que a tese de Danilo é um marco para a comunidade para a acessibilidade na universidade brasileira. Existem pesquisas sobre o tema, mas não são acessíveis para pessoas que precisam de outros recursos.

“E possível afirmar que a tese do Danilo é um marco para a acessibilidade da universidade brasileira. Trazer a tese na versão bilíngue completa, português e Libras, é uma forma de garantir acessibilidade linguística pra comunidade surda. É importante ressaltar que nós temos inúmeras pesquisas na academia brasileira que discutem acessibilidade. Mas, não são acessíveis para aquelas pessoas que necessitam de apoios e recursos diferenciados”.

Danilo é o segundo surdo a concluir doutorado da UFPR. A primeira foi Silvia Andreis Witkoski, em 2011.

Acesse o trabalho de Danilo na íntegra pelo LINK ou QR Code.

Reportagem: Francine Lopes

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Jessica de Holanda

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