Projeção do Ipardes não descarta colapso dos leitos de UTI ainda na semana que vem
Um dia depois de o ministro Eduardo Pazuello gravar um vídeo em que afirma que o sistema de saúde “não colapsou nem vai colapsar”, uma projeção do Ipardes indica que o Paraná pode chegar a 102% de ocupação de UTIs entre segunda (15) e terça-feira (16) que vem. A projeção do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social foi apresentada durante uma reunião promovida pela Frente Parlamentar do Coronavírus da Assembleia Legislativa, nesta quinta-feira (11).
O centro de estatística do Ipardes trabalha no estudo de projeções relacionadas à Covid-19. O Instituto aponta que a taxa de ocupação de UTIs deve ficar em torno dos 96% nos próximos dias. Caso as piores projeções se concretizem, o colapso total do sistema deve se configurar no começo da semana que vem. Nesta quinta-feira (11), 587 pacientes estavam na fila de espera por um leito de UTI no Paraná. Há um mês, o Estado terminava o dia 11 de fevereiro com seis pacientes à espera por um leito de UTI.
O diretor de gestão da Secretaria da Saúde, Vinícius Filipak, reconhece o colapso iminente. Ele reforça como o sistema não pode desassistir outros quadros graves.
Na quarta-feira (10), o Paraná terminou o dia com 1185 pacientes à espera de um leito clínico ou de UTI. Foi a primeira vez, em quase três semanas, que a fila diminuiu de um dia para o outro.
Em média, de cada quatro pessoas internadas, uma não vai chegar a ter alta. Nesta semana, no entanto, a mortalidade está em torno dos 30%. O diretor-técnico do Samu no Oeste do Estado, Rodrigo Nicácio, reafirmou o esgotamento das equipes de trabalho.
Em outubro, registava-se 1,1 caso de Covid-19 a cada 10 mil pessoas. Neste mês, o número saltou para 4,1 contaminados e, nas próximas três semanas, a previsão é de que esse índice chegue a cinco.
O presidente da Associação Paranaense de Medicina Intensiva, Rafael Deucher, lamenta o avanço da pandemia entre a população jovem.
Além do desgaste generalizado dos profissionais, o colapso do sistema de saúde representa a falta de assistência para outros quadros. Indiretamente, a pandemia contribui para o aumento geral da mortalidade.
O presidente da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado, Rangel da Silva, defende a necessidade da atenção básica aos pacientes. Ele relata como infectados chegam para a internação em condições muito graves.
Outro tema levantado foi o risco do colapso financeiro dos hospitais. O representante dos estabelecimentos relatou a inflação dos insumos.
10% dos pacientes ficam na fila de espera por um leito mais de 24 horas, no Paraná. O monitoramento, no entanto, não inclui os leitos exclusivos para o coronavírus localizados em Curitiba e São José dos Pinhais.
Reportagem: Cleverson Bravo