Colunistas // Mirian Gasparin

A situação financeira das empresas brasileiras demonstra preocupação, este ano, sendo marcada pelo aumento do endividamento e crescimento expressivo dos pedidos de Recuperação Judicial.

De acordo com dados que me foram passados pela Serasa Experian, no primeiro semestre de 2024, os pedidos de recuperação judicial cresceram 71%, com mais de mil empresas recorrendo a este remédio legal para fugir da falência. Só para se ter uma ideia, este é o maior número de pedidos de recuperação judicial em 19 anos. E o mais preocupante é que os números deverão permanecer elevados neste segundo semestre.

Por setor, o maior número de RJs foi verificado em serviços, seguido por comércio, indústria e setor primário.

E falando em setor primário, a Serasa divulgou há pouco estudo inédito que mostra o cenário dos pedidos de recuperação judicial realizados por proprietários rurais que atuam como pessoa física. De acordo com os dados, só no primeiro trimestre do ano, foram registrados 106 requerimentos de RJ, um aumento de 523% em relação a igual período de 2023. O Paraná ficou em terceiro lugar em número de pedidos de recuperação judicial, com um total de 12, atrás apenas de Mato Grosso e Goiás. 

De acordo com os dados da Serasa Experian, os proprietários rurais de pequeno porte foram os que menos precisaram de recuperação judicial no primeiro trimestre. Para eles, o total foi de apenas 21 solicitações. Por outro lado, aqueles que não possuem propriedades no campo, considerados arrendatários de terras e grupos econômicos ou familiares relacionados ao setor, registraram a maior quantidade de requisições, ou 39.

Diante dos altos números de recuperação judicial verificados, este ano, no setor do agronegócio, pode-se falar em crise setorial?

Para o diretor de agronegócio da Serasa Experian, Marcelo Pimenta, apesar do aumento de mais de 500% no número de pedidos de recuperação judicial, não se pode falar em crise setorial, pois a maior parte dos proprietários rurais continua atuando normalmente. Ainda assim, para os que precisam recuperar a estabilidade financeira, a renegociação de dívidas ou soluções como o Fiagro Reorg são formas mais amigáveis de retomar a saúde dos negócios. 

Além disso, movimentos preventivos como o planejamento financeiro para demandantes e o monitoramento de perfil de crédito para credores podem evitar a busca deste recurso legal.