Um homem que trabalha como cerimonialista em Curitiba organizou o próprio velório na noite de ontem, fazendo amigos e familiares acreditarem que ele tinha partido. Durante a cerimônia, Baltazar Lemos revelou estar vivo e que trabalhar com cerimônias de despedida durante a pandemia fez com que ele quisesse saber como seria o próprio velório. Na fala, ele também incentivou as pessoas a aproveitarem a vida.

A situação inusitada revoltou amigos e parentes que não sabiam de antemão o que se passava. Mas antes do velório já havia uma desconfiança sobre o que estava acontecendo, porque ninguém tinha conseguido confirmar com a família que ele havia falecido. As informações vinham através de imagens divulgadas nas redes sociais que traziam o local do velório. Na terça-feira, Baltazar tinha publicado uma imagem em que ele aparece sorrindo em frente ao Hospital Sirio-Libanês, em São Paulo, dizendo apenas que dividia boas energias com todos. 

Vários profissionais do setor de eventos, no qual ele atua há cerca de 30 anos, começaram a se comunicar em grupos de mensagens e tentar entender o que havia ocorrido, como conta  o fotógrafo Rodolfo Schneider.

Ele disse que um dos profissionais que é referência no setor em Curitiba descobriu que Baltazar tinha enviado uma carta a alguns veículos de comunicação contando o que tinha planejado. Esta carta não foi recebida pela Bandnews Curitiba mas eu tive acesso ao conteúdo e ela vai ser publicada no nosso site. Nela, ele fala que a intenção era ser a primeira pessoa até hoje a fazer seu funeral em vida, sabendo quem esteve presente, enviou flores ou derramou lágrimas. Ele também conta que tinha o plano de convidar as pessoas para celebrar seu aniversário de 60 anos em alguns dias e, no seu velório real, dar como lembrança sua coleção de 1500 pinguins aos que estivessem presentes. 

O fotógrafo Rodolfo disse que saber da existência da carta fez com que as pessoas ficassem ainda mais confusas sobre a situação e buscassem com a capela funerária responsável a confirmação de que o velório ia acontecer. Segundo Rodolfo, depois de várias confirmações de que a cerimônia estava marcada, a capela informou que haveria um anúncio naquele horário. 

Baltazar foi funcionário da Capela Vaticano, onde realizou a cerimônia, por algum tempo, mas já não trabalhava no local, segundo a empresa. A cerimônia foi contratada como se fosse um velório normal, como explica Aletheia Correa, assessora de imprensa da Capela Vaticano. 

A empresa informou ainda que apenas efetuou a cessão do espaço para o culto religioso mas não se responsabiliza pela condução da cerimônia realizada no local. Até o final desta reportagem não conseguimos contato com o cerimonialista.

Leia na íntegra o posicionamento da Capela Vaticano

NOTA DE ESCLARECIMENTO
Referente ao evento de despedida do Senhor Antônio Baltazar Lemos, a Capela Vaticano vem por meio desta, esclarecer que a instituição efetuou uma cessão de espaço de culto religioso, não existindo nenhuma responsabilidade em relação à condução e conteúdo do referido culto / cerimônia. Informa ainda que o Sr. Antônio Baltazar prestou serviços para a referida empresa até outubro de 2022, permanecendo após essa data somente como cliente do plano.
Os colaboradores da instituição ficaram extremamente entristecidos com as notícias veiculadas nas redes sociais, devido ao vínculo afetivo com o ex colega.
Nossa equipe trabalha na base da ética e do respeito há mais de 90 anos.
Reiteramos nosso compromisso de respeito a todos os clientes da empresa e estamos à disposição para eventuais dúvidas e esclarecimentos.

Leia carta enviada por Baltazar Lemos a veículos de imprensa antes da cerimônia (Não recebida pela BandNews)

Baltazar Lemos
Trabalho como Cerimonialista de Eventos há 30 anos, com a pandemia surgiu a oportunidade de também fazer Cerimonial de luto.

Nas 889 cerimônias que fiz, incluindo do Ministro Euclides Scalco, Vice Prefeito Algaci Túlio, há mais humilde das pessoas, presenciei funerais os quais tinham somente duas pessoas presentes até os que tinham mil pessoas.

Dentre as muitas histórias fiz da senhora que tinha o desejo da família colocar na urna milho de pipoca para estourar ao entrar no forno cremação, que das coroas recebidas fizesse um bouquet e joga se quem pegar seria o próximo, este viralizou na internet com mais de 50 milhões de visualizações.

Assim sempre me perguntava como seria o meu funeral, já sabia que minha coleção com mais de 1500 pinguins seriam distribuídos aos que fossem neste dia como uma lembrança minha.

Assim próximo a completar 60 anos, que fiz no último dia 5 de janeiro, tive a ideia de enviar a todos amigos um Convite para uma festa dia 29 de janeiro.

O que eles não esperam é que dia 18 de janeiro, receberão outro comunicado, desta vez os convidando para uma cerimônia de despedida ou seja meu velório.

Tudo acontecerá na Capela Vaticano a Av Desembargador Hugo Simas 26 Bom Retiro as 19h30.

Durante a cerimônia a surpresa será saberem que serei eu a primeira pessoa até hoje a fazer seu funeral em vida, sabendo quem foi, enviou flores ou derramou lágrimas, enfim…

Ninguém sabe, nem mesmo minha família, será uma surpresa geral.

Surpresa também posso ter pois para a festa falsa, muitos confirmaram já para este momento só saberei na data.

Ao término os que forem serão convidados aí sim a comemorar a vida, meus 60 anos em uma festa única de 60 minutos em local a ser divulgado naquele momento.

Agradeco a atenção

Comendador Baltazar Lemos

Reportagem Amanda Yargas