A demissão do motorista Germano Grein, da Auto Viação Marechal, pode ter sido abusiva. Ele foi demitido sem justa causa um dia depois de denunciar à BandNews problemas nos freios de alguns carros da empresa, que é uma das responsáveis pelo transporte coletivo de Curitiba. Germano ainda foi obrigado a pagar mais de dois mil reais, referente ao valor para fazer o conserto do ônibus após um acidente. Segundo o ex-funcionário a batida só aconteceu porque os freios do veículo não responderam como deveriam.

As leis trabalhistas admitem demissões sem justa causa, na qual a empresa não tem a necessidade de dar justificativas. Mas, de acordo com o presidente da Comissão de Direitos Trabalhistas da OAB-PR, Marcelo Alessi, não podem acontecer abusos. Ou seja, um funcionário não pode ser demitido como um ato de retaliação.

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) estabelece que a empresa pode, sim, cobrar a reparação de danos materiais de funcionários. Isso se o contrato prever os descontos em folha e também se for comprovada a culpa do empregado.

Casos como o da demissão de Germano são considerados pelo Sindicato dos Motoristas e Cobradores como assédio moral. Todas as semanas, o Sindimoc registra entre 15 e 20 denúncias relacionadas ao tema, não só da empresa Auto Viação Marechal como de outras que atuam no transporte coletivo da capital e região. De acordo com o presidente do Sindicato, Anderson Teixeira, o assédio moral, inclusive, foi um dos motivos da greve do transporte no ano passado.

O presidente do Sindimoc ainda afirma que as denúncias são importantes para que o sindicato possa fazer um levantamento dos problemas registrados e notificar as empresas responsáveis à Justiça.

Procurada mais uma vez pela reportagem, a empresa Auto Viação Marechal não quis se pronunciar sobre a demissão do motorista Germano Grein. Por meio de nota, a empresa se limitou a informar que o carro dirigido pelo ex-funcionário no dia do acidente passou por uma revisão nos freios e não foram encontrados defeitos nas peças.