Advogados de Lula pedem suspensão de interrogatórios de setembro
A defesa de Lula pede à Justiça Federal a suspensão dos interrogatórios marcados para setembro na segunda ação penal a que o ex-presidente responde em Curitiba em decorrência da Lava Jato. Entre os interrogatórios está o de Lula, agendado para 13 de setembro. O processo apura supostas vantagens oferecidas ao ex-presidente pela Odebrecht, em troca de favorecimentos à empreiteira em contratos com a Petrobras.
Os advogados alegam que não tiveram acesso a documentos que seriam necessários para a defesa e para a inquirição de testemunhas que já foram ouvidas. Eles pedem que o juiz Sérgio Moro determine ao Ministério Público Federal a apresentação de todas as correspondências trocadas com o Ministério Público da Suíça a respeito do sistema “My Web Day”, como era chamado um programa de computador desenvolvido pela Odebrecht para gerenciar a contabilidade de propinas pagas pelo grupo.
A defesa de Lula pede a via eletrônica dos documentos para que sejam submetidos a perícia e também a reinquirição de parte das testemunhas. Os advogados argumentam que o Ministério Público informou não ter tido acesso a “cópia integral” do sistema, embora um dos colaboradores do Grupo Odebrecht tenha inicialmente declarado estar na posse da chave correspondente. Alguns dias depois de a defesa de Lula pedir os documentos, o ex-chefe do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, Hilberto Mascarenhas, fez uma retratação, informando que não tinha mais acesso ao “My Web Day”.
Os advogados do ex-presidente pedem a suspensão dos interrogatórios dos réus, incluindo o de Lula, para que testemunhas voltem a ser ouvidas sobre papéis juntados ao processo pelo Ministério Público em 3 de agosto. Para a defesa, a inclusão tardia compromete as 34 audiências e os 97 depoimentos de testemunhas realizados antes dessa data. Além de Lula, a ação penal tem mais sete réus. Entre eles, o empresário Marcelo Odebrecht e o ex-ministro Antonio Palocci. O
Ministério Público acusa o ex-presidente de ter sido beneficiado por um terreno que teria sido comprado pela Odebrecht para o Instituto Lula – que nunca chegou a ser usado para essa finalidade. A empreiteira também teria comprado um apartamento vizinho ao do ex-presidente, em São Bernardo do Campo.
Lula foi ouvido pela primeira vez em Curitiba no dia 10 de maio, quando a cidade recebeu manifestações populares e um grande aparato de segurança foi mobilizado para a audiência.O interrogatório fazia parte da ação penal do triplex no Guarujá, que resultou na condenação do ex-presidente a 9 anos e meio de prisão.