Ex-secretário diz ter sido exonerado por pressão política, depois de cortar privilégios
O delegado federal Wagner Mesquita diz ter sido exonerado do cargo de secretário de Estado da Segurança por pressão política de grupos que tiveram interesses contrariados. Segundo ele, o corte de privilégios seria o principal motivo da reação que sofreu, vinda do alto comando da Polícia Militar do Paraná. Mesquita chegou a divulgar declarações por whatsapp, mencionando que “em um ano de eleições, o caráter político nas decisões de governo ganha importância”.
Em entrevista, o ex-secretário refutou a alegação de que teria sido exonerado por resultados insatisfatórios à frente da Segurança Pública. Instituições que representam militares do alto comando da PM no Paraná assinaram em janeiro uma carta conjunta em que reclamam e exigem providências a respeito da falta de investimentos e do remanejamento de recursos da corporação para outras unidades da Segurança Pública.
A repercussão negativa de um caso em que o Instituto Médico Legal levou 13 horas para recolher um corpo em uma rua de Curitiba foi mais um dos desgastes sofridos pelo ex-secretário neste começo de ano. Mas segundo ele, os dois problemas estavam contornados quando a exoneração se desenhou. Wagner Mesquita diz que a pressão política para que fosse afastado do cargo encontrou apoio internamente na estrutura do governo do estado. Ele critica a influência da política na atividade policial.
De acordo com o ex-secretário, o orçamento da PM costuma representar de 45% a 47% do orçamento da Secretaria da Segurança. Neste ano, ficaria em torno de 46%. Mesquita afirma que o descontentamento na Polícia Militar vinha de um grupo minoritário que teria perdido algumas regalias e que seria ligado a políticos que fazem oposição ao governador Beto Richa.
Mesquita diz que vai se reapresentar à direção geral da Polícia Federal, onde é lotado, mas admite que tem recebido convites para outros cargos. Ele se reuniu recentemente com o prefeito de Curitiba, Rafael Greca, mas não confirma que tenha sido convidado para comandar a pasta da Defesa Social do município. Mesquita não descarta a possibilidade de se candidatar a algum cargo eletivo.
Wagner Mesquita foi substituído na Secretaria da Segurança pelo delegado Júlio Reis. A primeira aparição pública do novo secretário deixou evidente a tentativa do governo do estado de acalmar os militares. Reis concedeu na segunda-feira (5) a primeira entrevista à imprensa como chefe da pasta, acompanhado do coronel da PM Orlando Arthur da Costa, que agora ocupa o cargo de diretor-geral da secretaria, no lugar de um agente civil.