PF realiza operação em sete estados contra núcleo financeiro do PCC
O núcleo financeiro de uma das maiores facções criminosas do país é o alvo de uma operação da Polícia Federal, realizada nesta terça-feira (06), no Paraná e em outros seis estados. Mais de quatrocentas contas bancárias ligadas ao PCC foram bloqueadas pela Justiça.
Por elas passava cerca de R$ 1 milhão por mês – dinheiro usado para comprar drogas, armas, financiar parte das ações criminosas, além de custear transporte e estadia para familiares de presos em áreas próximas a presídios. Até agora, 28 pessoas foram presas (26 por mandados e duas por situações de flagrante). Quatro estão foragidas. Oito dos mandados foram cumpridos contra homens que já estavam no sistema penitenciário. Foram expedidos, também, 55 mandados de busca e apreensão.
A comunicação entre os faccionados acontecia por meio de bilhetes, que também foram apreendidos. O superintendente da Polícia Federal no Paraná, Luciano Flores, esclarece que o objetivo da operação é “sufocar” a movimentação financeira da base do grupo criminoso.
Três homens apontados como líderes do PCC, e que estão na Penitenciária Estadual de Piraquara, devem ser transferidos para o sistema penitenciário federal nos próximos dias. A intenção é isolá-los para dificultar a comunicação entre os faccionados. A polícia também deve solicitar à Justiça que alguns dos alvos da operação não passem mais a recebem mais visitas – já que era comum que elas fizessem a distribuição dos bilhetes escritos nas celas. É o que explica o delegado que coordenou a operação, Martin Bottaro Purper.
A investigação apontou que as contas bancárias eram usadas de forma intercalada, para evitar que fossem rastreadas ou que a movimentação financeira fosse percebida. Com os presos, os policiais encontraram planilhas que mostravam a origem da arrecadação dos valores movimentados pela facção, numa espécie de mensalidade paga pelos faccionados da “base da pirâmide” para sustentar os chefes do PCC. Quem atrasa o pagamento é castigado por outros membros do grupo ou até mesmo morto dentro da penitenciária.
No Paraná, a operação Cravada aconteceu em Piraquara, Curitiba, São José dos Pinhais, Paranaguá, Centenário do Sul, Arapongas, Londrina, Umuarama, Pérola, Tapejara, Cascavel e Guarapuava. Os envolvidos devem responder pelos crimes de tráfico de entorpecentes, associação para o tráfico e organização criminosa.
Reportagem: Ricardo Pereira