O ex-procurador da República Deltan Dallagnol nega irregularidades no pagamento de diárias, passagens aéreas e gratificações a procuradores que atuaram na força-tarefa Lava Jato em Curitiba. O Tribunal de Contas da União decidiu aprofundar as investigações sobre a suspeita e deve emitir, até quinta-feira (14), uma cobrança de quase dois milhões e 800 mil reais a Dallagnol e ao ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot. Exonerado do Ministério Público Federal e pré-candidato a deputado federal pelo Podemos, Deltan se diz vítima de perseguição do “sistema”, que segundo ele busca vingança contra quem combate a corrupção.

Em uma longa defesa publicada na internet, o ex-procurador chefe da força-tarefa Lava Jato em Curitiba afirma que o sistema de diárias era o mais econômico para os cofres públicos. Ele também afirma que jamais recebeu ou autorizou o pagamento das gratificações, uma vez que essa atribuição não é estadual, mas federal. Ou seja, Dallagnol afirma que a responsabilidade sobre as operações não é dele, mas da Procuradoria-Geral da República.

Na sequência, o ex-coordenador da Lava Jato passou a conjecturar as razões pelas quais o Tribunal de Contas da União decidiu aprofundar as investigações. Para Dallagnol, trata-se de perseguição política. Ele pondera que as diárias, passagens aéreas e gratificações foram consideradas regulares por três procuradores-gerais, pela auditoria interna do MPF e pela própria área técnica do TCU. Por fim, ele ressalta que o trabalho da força-tarefa alcançou resultados inéditos em termos de valores recuperados, na ordem de 15 bilhões de reais. O valor, segundo Dallagnol, justifica os custos das diárias pagas a procuradores que atuavam na Lava Jato, embora estivessem lotados em procuradorias de outras cidades ou estados.

Nesta terça-feira (12), a Segunda Câmara do Tribunal de Contas da União decidiu aprofundar as investigações sobre supostas irregularidades nestes pagamentos. Um relatório produzido pelo próprio TCU apontou o pagamento de 2 milhões e 557 mil reais em diárias e passagens a cinco procuradores da República, entre 2014 e 2021.

Reportagem: Angelo Sfair.