Jovem morto pela GM não estava com faca, diz agente
Faca de 25 centímetros teria sido plantada por guardas para justificar o tiro disparado
O guarda municipal Anderson Bueno, um dos envolvidos na abordagem que acabou com a morte do estudante Caio José Ferreira de Souza Lemes, de 17 anos, disse à polícia que o jovem não estava com uma faca. Ele prestou depoimento nesta segunda-feira (3) e relata versão diferente da registrada inicialmente pelos outros guardas envolvidos na ação.
Caio morreu com um tiro na cabeça no fim de março, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC).
Segundo o Boletim de Ocorrência registrado por parte dos guardas envolvidos na abordagem, o adolescente tirou do boné uma faca de 25 centímetros.
Edilson Pereira da Silva, um dos agentes, disse ter se sentido ameaçado e, para se proteger, disparou com arma de fogo.
Segundo o delegado Eric Guedes, responsável pelo caso, Anderson Bueno foi ouvido como testemunha. No dia da abordagem, o guarda era o terceiro membro da equipe e cuidava da segurança do grupo. De acordo com o delegado, Bueno não prestou depoimento na Central de Flagrantes e nem participou da confecção do Boletim de Ocorrência. O delegado entendeu que o guarda não cometeu o crime de fraude processual e, portanto, não é mais investigado.
O delegado afirmou que aguarda o laudo de necropsia para concluir as investigações. Os dois guardas investigados pela morte de Caio também prestaram depoimento na tarde desta segunda-feira (3).
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Edilson Pereira da Silva, guarda indicado como autor do disparo que matou o adolescente, é investigado por homicídio culposo – quando não há intenção de matar – e fraude processual. O outro agente, Edmar Junior, é investigado por fraude processual. Eles não falaram com a imprensa e permaneceram em silêncio durante o depoimento.
A defesa dos dois afirmou que eles irão se pronunciar quando tiverem acesso a todas as peças, laudos e depoimentos do inquérito.
A Prefeitura de Curitiba disse que os guardas envolvidos na situação estão afastados. A Guarda Municipal informou que colabora para que o caso seja esclarecido o mais rápido possível.