O homem identificado como agressor do músico Odivaldo Carlos da Silva, conhecido como Neno, vai ser julgado pelo Tribunal do Júri. A vítima é negra. A ocorrência foi registrada no Centro de Curitiba, em 2022. A sentença de pronúncia foi proferida nesta quinta-feira (15).

Paulo Cezar Bezerra foi denunciado por tentativa de homicídio triplamente qualificado e permanece preso preventivamente há mais de um ano. A promotoria sustenta que uma das motivações para o crime foi o preconceito racial.

Conforme a denúncia, naquela oportunidade, o homem desferiu diversos golpes com um cassetete contra o músico e fez ofensas contra a dignidade dele, sem qualquer motivação além da intolerância racial. A promotoria aponta que o réu proferiu palavras ofensivas contra a raça e a cor de Neno. A denúncia indica que o homem disse “Ei, negro! Macaco! Morador de rua tem que morrer!”.

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Além das agressões físicas e ofensas verbais, a promotoria observa que Bezerra incitou o próprio cão a atacar a vítima. As ocorrências foram registradas na Rua Doutor Faivre, no Centro de Curitiba, em novembro de 2022. A denúncia ainda observa que, nas proximidades de onde o crime foi praticado, o réu teria tido atitude semelhante em relação à outra vítima – um homem que vivia em situação de rua.

Bezerra vai ser julgado pelo Tribunal do Júri pelo crime de injúria racial e pelas duas tentativas de homicídio. Foram apontadas como qualificadoras o motivo torpe, o uso de meio cruel e a utilização de recurso que dificultou a defesa da vítima.

À época, a defesa disse que ele já conhecia o músico, tinha um desentendimento anterior e deveria responder por lesão corporal, e não por tentativa de homicídio e injúria racial. À polícia, Bezerra afirmou que havia ingerido bebida alcoólica, no dia em que agrediu o músico. Ele ainda citou que recebia dinheiro de comerciantes da região para espantar andarilhos e arruaceiros.

As câmeras de segurança flagraram que o agressor andava com o cão. O músico é atingido na nuca, no rosto e nas pernas.