Além da diversão: bloquinhos chamam atenção para pautas sociais
Diversidade é celebrada e reforçada até mesmo nos nomes e repertórios escolhidos
Muito antes da programação de Carnaval começar, os blocos ganham as ruas e levam festa aos foliões. A celebração democrática, com opções para todas as idades e gostos, também abre espaço para diferentes estilos de música.
Com um repertório de boy bands e girl groups das décadas de 1990 e 2000, um dos mais novos bloquinhos de Curitiba, o Backstreet Bloco nasceu em 2024 e “carnavalizou” a cultura pop.
Um dos idealizadores do grupo, Gabriel Castro, destaca a diversidade do pré-carnaval da capital paranaense.
Essa diversidade é celebrada e reforçada pelos bloquinhos até mesmo nos nomes e repertórios. É o caso do ‘Saí do armário e me dei bem’ que leva pautas LGBQIA+ para as ruas. A regente Manu Barreto lembra que os blocos têm o papel social de ocupar espaços públicos e integrar a sociedade com temas que, muitas vezes, são deixados de lado.
Manu explica que a coletividade defendida pelo grupo está também no nome escolhido para o bloquinho.
Neste ano, um dos mais tradicionais blocos de Curitiba, o Garibaldis e Sacis engajou uma campanha pedindo aos foliões que evitassem trajes reforçando estereótipos a características identitárias como raça, gênero ou credo. Na mesma linha, o “Ela pode, Ela vai” nasceu em 2018 com a intenção de dar às mulheres e a grupos minorizados um espaço seguro para brincar o Carnaval. A batuqueira Renata Dutra destaca outras lutas representadas pela bloca, como o grupo é chamado.
Os bloquinhos também saíram em defesa dos ambulantes que trabalham nas celebrações pré-carnaval. Curitiba tem dezenas de blocos de Carnaval – não há um número oficial, pois nem todos são registrados pela Comissão de Carnaval de Rua da cidade. A maioria faz a programação antes da data, reunindo foliões aos finais de semana em diferentes espaços da cidade. A proposta é aumentar ainda mais o alcance, para que mais pessoas se divirtam e interajam com as temáticas abordadas pelos blocos.
Até porque, mesmo que todo Carnaval tenha seu fim, as pautas sociais nunca terminam.
Reportagem: Ana Flavia Silva e Mirian Villa