Curitiba foi a cidade brasileira que mais acolheu imigrantes da Venezuela nos últimos quatro anos, desde 2018. Foram, ao todo, 5.601 venezuelanos que chegaram à cidade, recebidos por meio da Operação Acolhida. Os dados também colocam o Paraná como o segundo estado a receber o maior número de imigrantes do país, com 15.261 pessoas recebidas.

A família de Katy Hernández está entre elas. Com três filhos, a mãe e o marido, a especialista em negócios internacionais desembarcou em Curitiba em 2019 – três anos depois de escolher o Brasil como novo lar.

A vinda para cá foi planejada: a decisão foi tomada três anos antes e a família fez uma poupança para custear a viagem e os possíveis gastos com documentação. Com o auxílio da OIM – Organização Internacional para Migração, o grupo saiu de Santa Elena de Uairén e chegou ao Brasil por Pacaraima, em Roraima. De lá, seguiu até Boa Vista, para só depois desembarcar na capital paranaense.

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Ainda que a família tenha deixado tudo para trás e tenha vivido os dramas que qualquer migração causa, Katy sabe que eles são privilegiados. Tiveram oportunidades que milhares de outras pessoas não têm. A irmã dela, por exemplo, precisou deixar o país de origem de outra forma e venceu mais desafios até conseguir se estabelecer no Brasil.

Muitas outras pessoas sofrem ainda mais. Chegam aqui sem condições financeiras e enfrentam as barreiras culturais, a diferença de idioma e o preconceito. A Cáritas, confederação de organizações humanitárias da Igreja Católica, recebe migrantes com a missão de acolher, proteger, promover e integrar quem busca uma nova vida no Brasil. A coordenadora geral da instituição em Curitiba, Ana Lídia de Oliveira, acredita que a atuação da Confederação seja um dos motivos para atrair os migrantes à cidade.

O trabalho é todo voluntário e mantido por doações. A diminuição no número de arrecadações de alimentos, por exemplo, tem sido um desafio para a instituição. A secretária regional da Cáritas no Paraná, Márcia Ponce, relata que o maior desafio ainda é encontrar moradia para os imigrantes.

Em todo o Brasil, 87.582 venezuelanos foram interiorizados em 896 municípios, desde abril de 2018 por meio do Programa Acolhida. A Região Sul é a que mais recebeu imigrantes venezuelanos com o acolhimento de 45.570 pessoas. Depois de Curitiba (PR), como a cidade que mais recebeu cidadãos da Venezuela desde o início da estratégia, aparecem Manaus (AM) com 5.331, São Paulo (SP) com 4.480 e Dourados (MS), com 3.513 venezuelanos acolhidos.

Reportagem: Ana Flavia Silva