Um defeito do sistema imunológico que não está associado diretamente ao coronavírus pode ser o responsável por uma em cada cinco mortes causadas pela covid-19. Um estudo conduzido por um consórcio internacional de pesquisadores observou que 20% dos óbitos ocorreram em pacientes que desenvolveram uma proteína defeituosa. Além de não combater o coronavírus, os autoanticorpos se voltam contra o próprio corpo humano, permitindo que a doença se torne mais grave e comprometa vários órgãos além do pulmão.

A médica imunologista Carolina Prando, do Instituto Pelé-Pequeno Príncipe, foi uma das pesquisadoras participantes do estudo. Ela conta que os cientistas observam desde o ano passado que uma parcela relevante dos pacientes graves apresentavam esse defeito no sistema imunológico:

A atualização deste mesmo estudo foi publicada nesta semana, confirmando as primeiras impressões e trazendo novidades relevantes para entender como o corpo humano combate o coronavírus após a infecção:

A médica imunologista Carolina Prando explica que uma das hipóteses era de que os autoanticorpos fossem produzidos após a infecção pela covid-19. No entanto, a pesquisa encontrou pacientes saudáveis com essa falha no sistema imunológico, em níveis que não comprometem o dia a dia do paciente.

A cientista explica que casos raros foram identificados em todas as faixas-etárias, inclusive crianças e adolescentes, com maior predominância em idosos com mais de 80 anos:

Os estudos mais recentes analisaram 3.500 pacientes que desenvolveram o estado crítico da covid-19 e mais de 35 mil pessoas saudáveis. Os resultados indicam que 14% dos pacientes em estado grave apresentavam anticorpos defeituosos, ou autoanticorpos que sabotam as defesas do organismo.

A falha foi encontrada em 6% das pessoas com mais de 80 anos; em 1% das pessoas maiores de 70 anos; e em apenas 0,18% dos adultos com até 60 anos.

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Reportagem: Angelo Sfair