Em Curitiba, mesmo sem a adesão do sindicato da categoria, quase 60% da frota do transporte público deixou de circular pela manhã por causa da paralisação de trabalhadores e centrais sindicais contra a reforma da previdência. Motoristas e cobradores não aderiram ao ato, seguindo a decisão do sindicato. Mas pelo menos cinco empresas tiveram a saída dos ônibus impedida por manifestantes. Em frente às garagens, eles criticavam a decisão da categoria, e diziam estar agindo em favor dos trabalhadores.

Em uma das garagens da Viação Glória, no bairro Mercês, sindicalistas e estudantes bloquearam a saída dos ônibus por cerca de duas horas. O grupo, de aproximadamente 40 pessoas, chegou às 5h45 da manhã, e ficou no local até pouco depois das 8h. Segundo um funcionário da empresa, cerca de 40% da frota da unidade havia saído, mas o restante continuava na garagem.

Em discurso, o sindicalista Hermínio Pereira Santana, da Nova Central Sindical, pediu aos motoristas que aderissem à greve.

O professor Rutierre Coutinho, que também é sindicalista e membro da CUT, fez críticas à reforma da previdência proposta pelo governo federal, e a comparou à reforma trabalhista, que, segundo ele, não gerou mais empregos.

Apesar dos discursos, os trabalhadores que estavam nesta garagem não aderiram ao movimento. Em entrevista à BandNews, o motorista de ônibus Júlio César Washington disse que achava a pauta do protesto justa, mas que a greve era política.

Para ele, o sindicato dos motoristas e cobradores de Curitiba não tem força suficiente para garantir que, se eles fizessem greve, não tivessem o dia descontado na folha salarial.

Policiais militares, viaturas e guardas municipais foram deslocados para as empresas. O Setransp, sindicato das empresas de transporte coletivo de Curitiba, disse que os manifestantes chegaram a sequestrar dois ônibus do transporte coletivo para deixar os veículos atravessados em avenidas.

Nos terminais, usuários do transporte público relatavam atrasos. A vendedora Katlin Cristina esperou por quarenta minutos o ônibus que costuma pegar todas as manhãs, mas ele não passou.

No final da manhã, as garagens do transporte coletivo já estavam liberadas, e 95% da frota estava em circulação. Ainda assim, havia atrasos: o eixo de integração mais prejudicado era o Norte-Sul, atendido por biarticulados. A prefeitura recomenda que o usuário acesse o aplicativo Curitiba 156 para verificar qual linha está funcionando.

Reportagem: Estelita Carazzai / Ana Flavia Silva