Guardas podem ter mentido sobre abordagem que resultou em morte
Os agentes disseram que a vítima estava com uma faca no momento da abordagem
A Polícia Civil apura a possibilidade de que os guardas municipais tenham mentido sobre a abordagem que levou à morte de Caio José Ferreira de Souza Lemes, de 17 anos, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), no último sábado (25).
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No dia do crime, os guardas municipais disseram que Caio estava armado com uma faca, que ele teria escondido dentro do boné. O objeto foi apreendido e encaminhado para análise.
As investigações apontam que isso pode ter sido usado pelos guardas como argumento para justificar a morte do adolescente. O delegado responsável pelo caso, Eric Guedes, ouviu nesta quinta-feira (30) o depoimento de uma testemunha que presenciou a abordagem.
De acordo com o delegado, a testemunha afirma que o Caio José não foi para cima dos guardas com uma faca e já estava rendido no chão quando foi atingido pelo disparo de arma de fogo.
Ainda segundo a testemunha, o agente que atirou, teria disparado acidentalmente e levado as mãos à cabeça quando percebeu o que houve. A hipótese é considerada pela Polícia Civil.
A Prefeitura de Curitiba informou que a câmera do colete do guarda estava desligada. Isso também será objeto de questionamento no inquérito. Os guardas, que já foram ouvidos, serão intimados para novo depoimento.
Na segunda-feira (27), após a denúncia de amigos e familiares sobre o crime, a GM de Curitiba decidiu afastar os agentes envolvidos na abordagem. A corporação afirmou que abriu um procedimento administrativo para apurar a conduta dos profissionais.
Criminalmente, o guarda que atirou pode responder por homicídio culposo – se não houve a intenção de atirar. Já os demais, por fraude processual, caso fique provado que a faca foi colocada no local para simular que o adolescente estava armado.
Reportagem: Leo Coelho