Um inquérito policial divide dois grupos políticos ligados ao Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região, o Sindimoc. De um lado, os autores da denúncia, que já dirigiram a instituição e são ligados ao grupo que também foi alvo de denúncias de irregularidades.

De outro, os atuais dirigentes da instituição, investigados no inquérito policial por suspeita de desvios de recursos. A investigação, que começou em 2015, está nas mãos do Núcleo de Repressão aos Crimes Econômicos (Nurce). Depois de relatado, o inquérito seguiu para o Ministério Público Estadual, que há um mês devolveu o processo à Polícia Civil, pedindo novas diligências.

A promotora Mônica Helena Derbli Baggio pede que a polícia formalize o indiciamento do atual presidente do Sindimoc, Anderson Teixeira e que ele seja interrogado. O Ministério Público também pede que sejam ouvidos diversos integrantes da diretoria do sindicato, citados pelos sindicalizados como envolvidos no esquema, para que expliquem os fatos narrados, que envolvendo a prática de crime de apropriação indébita.

De acordo com os promotores, eles relataram a prática de inúmeras irregularidades, como desvio de verbas, enriquecimento ilícito, falsificação de documentos, utilização de recursos do sindicato para fins eleitorais, prática de nepotismo, contratação de “funcionários fantasmas”, fraude nas eleições internas e ascensão no padrão de vida de diretores e conselheiros da associação que seria incompatível com a renda. Eles denunciam ainda desvio de valores destinados à saúde dos sindicalizados e má qualidade do serviço prestado.

Em nota, o Ministério Público informa que ouviu integrantes da diretoria do Sindimoc e requisitou cópias das prestações de contas da instituição referentes aos anos de 2010 a 2014. O delegado responsável pela investigação informou que não está comentando o caso para não atrapalhar as investigações. Em nota, a atual diretoria do Sindimoc alega que as denúncias são falsas e têm cunho político. Segundo o sindicato, os autores das acusações são pessoas derrotadas nas eleições sindicais de 2010 e 2014, e ligadas à antiga diretoria do Sindimoc, de 2010, que é alvo de uma ação penal oferecida pelo Ministério Público e acolhida pela 9.ª Vara Criminal de Curitiba, por desvio de R$ 8 milhões dos cofres do sindicato.

A atual diretoria do Sindimoc lamenta que “pessoas processadas judicialmente na esfera criminal por formação de quadrilha, peculato e falso testemunho ocupem, agora, o aparelho do estado com falsas denúncias, por mero interesse político.” O Sindimoc informa ainda que os diretores já prestaram todas as informações solicitadas pelo Nurce, tais como as prestações de contas, balanços e balancetes contábeis de 2011 a 2015. Os diretores informam ainda que “ingressarão com ação judicial individualmente contra todos os responsáveis por injúria, calúnia, difamação e denunciação caluniosa.”