Jovens cegos de Angola se formam em Direito
Há pouco mais de 15 anos, desembarcava no Brasil um grupo de angolanos – a maioria formada por crianças com idades entre 7 e 10 anos. Cegos, vitimados pelo sarampo que afetava a população na África. Alguns, devido a erros médicos e um deles por causa da explosão de uma granada. Abalados pela guerra civil que atingiu a Angola por quase 30 anos, foram mandados para cá em busca de educação e melhores condições de vida.
Muitos deles foram trazidos a Curitiba – sem os pais, onde deram início aos estudos. Maurício Tchopi Dumbo, hoje com 26 anos, é um deles. Depois de muitas dificuldades, inclusive financeiras – com o fim do repasse pelo governo angolano que o faria voltar ao país de origem, ele conclui a formação no curso de Direito. Isso por meio de uma bolsa de estudos que ganhou da faculdade. Agora, está um passo mais perto de seu sonho de criança: se tornar um juiz.
Assim como ele, a colega Isabel Yambi também se forma em Direito. Os jovens integram o grupo ‘Cantores de Angola’ e fazem apresentações gratuitas em eventos pelo estado.
Com a conclusão de uma importante fase, Maurício agora lembra as dificuldades que precisou enfrentar em Luanda, capital da Angola. E foram esses obstáculos que o fizeram optar por ser um defensor dos direitos das crianças.
Agora ele pretende ficar por aqui mas, um dia, espera retornar para a Angola para contribuir com o povo. Como eles dizem: “se tornar parte da solução, não do problema”. A coordenadora do grupo responsável por atender e educar os angolanos na faculdade, Leomar Marchesini, explica que a tarefa não foi fácil, mas, sem dúvidas, ver parte deles se formando é o resultado que recompensa todo o esforço.
A formatura acontece na noite desta sexta-feira (26) na Ópera de Arame, em Curitiba. Na cerimônia estarão também outros alunos com deficiências físicas que concluem a formação em outros cursos universitários.