O Ministério Público Federal acusa o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró de ter ocultado a informação de que tem cidadania espanhola. Em comunicação encaminhada à Justiça Federal, procuradores da Força Tarefa da Operação Lava Jato dizem que isso reforça a necessidade de manter a prisão preventiva de Cerveró. Ele foi preso na quarta-feira da semana passada (14) ao desembarcar no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, depois de uma viagem a Londres. Cerveró portava o passaporte brasileiro. A viagem, que foi comunicada pela defesa de Cerveró às autoridades, não foi a justificativa do pedido de prisão.

O mandado foi concedido com base na suspeita de que Cerveró teria realizado movimentações financeiras e de patrimônio para evitar que bens fossem usados para ressarcimento aos cofres públicos. Até então, Cerveró respondia em liberdade a uma ação penal em que é acusado de ter recebido propina para favorecer uma empresa em contratos com a Petrobras. De acordo com o Ministério Público Federal, o passaporte espanhol “é apenas um dos possíveis meios (…) para se chegar ao exterior e ficar a salvo de qualquer punição”. Os procuradores alertam para o risco de uma possível extradição não ser concedida pela Espanha, uma vez que o Brasil também não extradita cidadãos nacionais.

O advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, diz que a alegação do Ministério Público beira a “má fé”. Segundo ele, a dupla nacionalidade de Cerveró foi comunicada no pedido de habeas corpus impetrado na semana passada no Tribunal Regional Federal, em Porto Alegre. Além disso, uma cópia do passaporte espanhol teria sido encontrada pela Polícia Federal na casa do ex-diretor, onde o filho de Cerveró informou que o documento pertencia ao pai.