‘O que eles não querem é coragem’: homenagem à resistência
A luta pelo não esquecimento de mulheres que resistiram aos regimes antidemocráticos
Flores de papel nas poltronas representavam as vidas levadas pela ditadura civil-militar na Argentina. Cartas de diferentes cores, distribuídas antes da peça, tinham diferentes itens em seu interior, representando algum dos eventos ocorridos nos anos de chumbo no Brasil. No teto, roupas femininas de diversos tamanhos simbolizavam a idade de mulheres que foram mortas ou, por anos, ficaram desaparecidas.
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“Onde estavam as mulheres durante a luta contra regimes ditatoriais?”. Foi a partir desta reflexão que a companhia Loucas Coletivas montou a peça “O que eles não querem é coragem”, que resgata as memórias de mulheres torturadas e assassinadas durante esses regimes. O espetáculo reflete sobre a “decisão de vida ou morte deixada na mão de homens que serviam a um ideal de necropolítica”, como explica o grupo.
Nomes da época, como de Zuzu Angel e Dulce Pandolfi, foram representados no espetáculo. Marielle Franco também foi lembrada em um cenário atual em que homens e políticas continuam matando. A frase de Edmund Burke torna a fazer sentido: “Um povo que não conhece sua história está fadado a repeti-la”. Os nomes dessas mulheres ainda buscam a verdade, mesmo que, infelizmente, apenas em memória.
Dança, músicas de protesto e diferentes jogos de luzes representavam a troca de cenário. Bonecos também foram utilizados para contar a trajetória das protestantes na Argentina e, para entrar no personagem, até o idioma mudava. Tudo isso pôde compor a história na mente do público, que sentia a indignação, mesmo da plateia.
A peça teve apresentação única no Festival de Curitiba, no último domingo (2), às 21h30, no Teatro Regina Vogue. Sua estreia foi em 2019, com apresentações também em 2020, mas interrompidas. Este ano, o show retorna para manter viva a memória de quem lutou verdadeiramente pelo país.
“É um espetáculo para todos aqueles que acreditam que o amanhã deve ser construído a partir da verdade.” – Loucas Coletivas
Informação: Ana Bavutti, estudante de jornalismo da Universidade Positivo, em parceria com a BandNews FM Curitiba